China comunista: bispo católico preso novamente
Dom Peter Shao Zhumin não é reconhecido pelo governo chinês, porque se recusou a se registrar na Associação Católica Patriótica Chinesa, a igreja comunista patrocinada pelo Estado.
Redação (05/01/2024 11:51, Gaudium Press) Segundo o site AsiaNews, o bispo Dom Peter Shao Zhumin, de 61 anos, de Wenzhou, foi detido na última terça-feira, dia 2 de janeiro 2024.
Dom Shao não é reconhecido pelo governo chinês, uma vez que se recusou a registrar-se na Associação Católica Patriótica Chinesa. Por isso, é geralmente preso nas grandes festas litúrgicas, sendo impedido de celebrar missas e exercer seu ministério na comunidade católica local.
Considerando a sé vaga, o governo comunista colocou no comando da diocese um membro da Associação Patriótica Católica Chinesa, o Pe. Ma Xianshi.
Poucos dias antes do Natal, em 16 de dezembro, o bispo Shao foi levado pelas forças de segurança e solto dois dias depois. Nos dias 24 e 25 de dezembro, ele foi levado para o condado de Taishun para não celebrar a missa de Natal.
No entanto, sua prisão ocorreu mais tarde, após escrever uma carta ao Pe. Ma em 31 de dezembro, protestando, por dever de consciência, contra as decisões que a diocese tomou sem sua autoridade.
Especificamente, o bispo expressou sua oposição à transferência de sacerdotes na diocese, à divisão de paróquias, ao rebaixamento de outra diocese local para uma paróquia dentro de Wenzhou e à decisão de ordenar seminaristas.
“De acordo com a lei da Igreja, é necessário ser ordenado pessoalmente pelo bispo da diocese ou ter procuração dele. De acordo com o Código de Direito Canônico, qualquer pessoa que receba ordens sagradas de alguém que não tenha poder legítimo para ordenar é automaticamente suspensa”, escreveu Dom Peter Shao Zhumin.
Após a divulgação da carta do bispo, a qual provocou uma forte reação por parte dos órgãos “oficiais” da Igreja em Wenzhou, Dom Shao foi preso e seu paradeiro atual ainda é desconhecido.
Asianews informou que o bispo “recebeu ordens para levar roupas para a primavera, verão, outono e inverno”, sugerindo que ele provavelmente ficará detido por muito tempo.
A detenção de Shao é o mais recente ponto de tensão entre a Igreja e o governo chinês, e aumenta as incertezas sobre a possível renovação do acordo Vaticano-China, que expira este ano.
O acordo de 2018, que já foi prorrogado duas vezes, tinha como objetivo regularizar a situação da Igreja Católica clandestina na China e trazer a hierarquia da Associação Patriótica para a comunhão com Roma.
Porém, muitos sacerdotes e bispos “clandestinos” rejeitam a exigência da Associação Patriótica de reconhecer a autoridade do Partido Comunista sobre a Igreja e seus ensinamentos.
E, por sua parte, o governo comunista tem se mostrado cada vez mais ousado ao realizar nomeações de bispos diocesanos sem a prévia autorização do Vaticano.
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