China avança na sinização religiosa: substituição das imagens de Cristo e da Virgem Maria pelas do presidente Xi Jinping
Estes dados foram revelados pela Comissão dos EUA sobre a Liberdade Religiosa Internacional.
Redação (03/10/2024 11:33, Gaudium Press) Não pode haver convivência pacífica com o erro, pois, entre outros motivos, o erro visa dominar, não promover a paz.
É o que se confirma mais uma vez, ao observarmos o que foi divulgado pela Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional. O relatório mostra como a proclamada sinização da religião na China avança decisivamente rumo à subordinação das crenças religiosas à ideologia do Partido Comunista chinês.
As ações desse processo de sinicização incluem a substituição de imagens de Cristo por retratos de Xi Jinping nas igrejas, repressão de comunidades religiosas não controladas pelo Estado e graves violações da liberdade religiosa, afetando budistas, cristãos, muçulmanos e taoístas.
De fato, nos últimos anos, o governo chinês implementou uma política agressiva de sinicização da religião, cujo objetivo é integrar a ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC) em todas as manifestações religiosas do país. Essa estratégia, conduzida pelo presidente Xi Jinping, transformou profundamente a vida religiosa na China, afetando tanto os fiéis quanto as instituições religiosas, que se veem forçados a se adequarem aos princípios do socialismo e da liderança do partido.
A “sinicização começou como uma série de reformas para controlar as religiões e evitar influências estrangeiras, e consolidou-se como uma ferramenta estratégica do governo para garantir a estabilidade do regime e a lealdade das comunidades religiosas. Sob este mandato, as autoridades implementaram uma profunda reestruturação das organizações religiosas, estabelecendo um sistema de vigilância e controle que abrange todos os aspectos da prática religiosa.
Controle absoluto sobre as religiões oficiais
O governo chinês criou um sistema centralizado de controle sobre as cinco religiões oficialmente reconhecidas: budismo, cristianismo (catolicismo e protestantismo), islamismo e taoísmo. Para tanto, estabeleceu associações religiosas patrióticas que atuam como intermediárias entre as comunidades religiosas e o Estado. Essas organizações, dirigidas por funcionários leais ao partido, são responsáveis por supervisionar as atividades religiosas, assegurando sua conformidade com os objetivos do Partido Comunista Chinês.
As políticas de sinicização incluem a alteração de textos sagrados, a censura de sermões e a reinterpretação de doutrinas religiosas para refletir os valores do socialismo chinês. Ademais, foi ordenada a remodelação dos locais de culto, que devem adotar um estilo arquitetônico aprovado pelo governo, removendo elementos considerados de influência estrangeira ou contrários à cultura chinesa. Como parte dessas reformas, imagens de Jesus Cristo ou da Virgem Maria foram substituídas por retratos do presidente Xi Jinping em várias igrejas cristãs, gerando grande controvérsia entre as comunidades religiosas afetadas.
Repressão contra comunidades não reconhecidas
Embora as religiões oficiais devam se submeter ao controle estatal, as comunidades religiosas não reconhecidas enfrentam uma repressão ainda mais severa.
Um caso paradigmático dessa política é a repressão na região de Xinjiang, onde as autoridades lançaram uma campanha brutal contra a comunidade muçulmana uigur. Em nome da luta contra o extremismo e o terrorismo, o governo chinês deteve mais de um milhão de uigures e outros grupos étnicos em campos de reeducação política. Nesses centros, os detidos são forçados a renunciar às suas crenças religiosas, aprender a língua chinesa, mandarim, e jurar lealdade ao Partido.
Cristianismo: o objetivo prioritário da sinicização
O cristianismo também tem sido objeto de sinicização. As “igrejas clandestinas”, católicas e protestantes que operam independentemente do controle do Estado, são especialmente alvo de perseguição. Mesmo após o acordo de 2018 entre o Vaticano e o governo chinês para a nomeação de bispos, o governo continuou a impor bispos sem a aprovação da Santa Sé. Os líderes religiosos que se recusam a se submeter à Associação Católica Patriótica Chinesa têm sido detidos ou desaparecem. Com efeito, o governo se recusa a revelar o paradeiro de líderes católicos que estão desaparecidos há décadas, como o bispo James Su Zhimin.
No caso das igrejas protestantes, a sinicização resultou na proibição de muitas congregações independentes, ou seja, aqueles que tenham uma prática religiosa fora das associações aprovadas pelo Estado podem estar sujeitos a prisão. Sermões e materiais religiosos são censurados, temas políticos e material de propaganda do Partido Comunista têm sido integrados às atividades da igreja e os líderes religiosos são incentivados a promover o socialismo em sua pregação.
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