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Cátedra de São Pedro

A festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo, habitualmente celebrada no 22 de fevereiro, foi transferida este ano para o dia 21 por causa da Quarta-feira de Cinzas. No Vaticano, a missa será celebrada às 17h na Basílica de São Pedro, e a imagem do primeiro Papa da história da Igreja será vestida com as vestes papais, segundo a tradição.

Foto: Vatican News

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Redação 21/02/2023 11:12, Gaudium Press) O Evangelista São João conta-nos o primeiro encontro de Jesus com Simão quando, guiado pelo seu irmão André, “fixando nele o olhar, disse-lhe: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)” (Jo 1, 42).

No Antigo Testamento, vemos geralmente que a mudança de nome implicava um mandato. Ao dizer-lhe: “Serás chamado Cefas”, este galileu, de coração reto e temperamento impetuoso mas magnânimo, pescador do lago de Genesaré, tornar-se-á o Príncipe dos Apóstolos, a Rocha sobre a qual Nosso Senhor Jesus Cristo fundou Sua Igreja, sede infalível da verdade.

Posteriormente, enquanto Jesus pregava nas margens do lago, cercado por uma multidão que o apertava, vendo dois barcos na praia, pediu permissão para subir em um deles. Era precisamente o barco de Simão, que lavava as redes. Pedindo para afastá-lo um pouco da terra, forma-se diante dele, à beira do lago, uma plateia ávida por ouvi-lo. Foi ali que o barco de Pedro se transformou em uma cátedra para ensinar a multidão, ou melhor, na Cátedra de Jesus (Lc 5, 3-4).

Simão, o filho de Jonas, aquele nomeado o primeiro entre os seus apóstolos, é quem marca com a sua presença os momentos auges da vida terrena do Divino Redentor: a Transfiguração e a Agonia no Horto das Oliveiras. Além de ser o primeiro cujos pés Jesus lava na Última Ceia e aquele por quem Nosso Senhor diz rezar para que a fé dele não desfaleça e, uma vez convertido, confirmar os seus irmãos (Lc 22, 31-32), ou seja, não deixar que a fé se emudeça diante das contradições do mundo.

No decurso da sua vida, é necessário destacar a circunstância crucial quando fez a profissão de fé, em nome dos Doze, na Cesareia de Filipe, quando Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, ele respondeu com firmeza: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 15-16).

Pedro: confirmação na fé

Perante esta confissão, que não a fez por ser filho de Jonas, porque “não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus”, recebe a declaração solene do seu ministério: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão ven­cê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16:17-19).

Em sua sabedoria teológica, Bento XVI, discorreu sobre seu significado especial: “Pedro será o fundamento rochoso sobre o qual apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do Reino dos céus para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, ele poderá ligar ou desligar no sentido que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece Cristo. É sempre Igreja de Cristo e não de Pedro” (Audiência Geral de 7-6-2006). Assim, ficou afirmado a “primazia de jurisdição”.

Era necessário um guardião e guia da comunhão com Cristo, cuidando para “que a rede não se rompa e que assim possa perdurar a comunhão universal” (Idem, 6-7-2006). Chegaria o tempo do envio de seus Apóstolos: “”Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).

A primazia de Pedro continuaria, com seus sucessores, “até o fim dos tempos”, com sua jurisdição plena e universal. Por isso Santo Ambrósio afirmava: “Onde está Pedro, aí está a Igreja”.

Foi assim que, para enfrentar as deturpações que surgiriam, ao longo dos séculos, foi instituído o infalível Magistério da Igreja.

Em 8 de dezembro de 1869, foi inaugurado o Concílio Vaticano I, reunindo 764 Prelados de todo o mundo na Basílica de São Pedro. Em sua última seção, foi aprovada a Constituição Dogmática Pastor Aeternus, com base na Bíblia Sagrada e nos Padres da Igreja, destacando a perpetuidade do Primado de São Pedro nos Romanos Pontífices e definindo o Dogma da Infalibilidade Pontifícia: ” proclamamos e definimos o Dogma, revelado por Deus, de que o Pontífice Romano, quando fala “Ex cathedra”, – ou seja, quando exerce seu cargo supremo de Pastor e Doutor de todos os cristãos e, em virtude do seu supremo poder Apostólico define uma doutrina sobre a fé e os costumes, – vincula toda a Igreja, pela divina assistência, prometida pela pessoa do Beato Pedro; além do mais, goza da infalibilidade, com a qual o divino Redentor quis que sua Igreja fosse acompanhada, ao definir a doutrina sobre fé e os costumes”.

543px Rom Vatikan Petersdom Cathedra Petri Bernini 4E é precisamente o que a Igreja celebra, desde o século IV, todo dia 22 de fevereiro – este ano coincidindo com a Quarta-Feira de Cinzas – como a festa da Cátedra de Pedro, dando graças a Deus pela missão confiada ao Apóstolo São Pedro e aos seus sucessores, lembrando quem foi escolhido por Cristo para ser a “rocha” sobre a qual edificou a Igreja (Mt 16, 18). Desde a Igreja nascente, passando por Antioquia, seu primeiro centro evangelizador, até a Providência levar Pedro a Roma, esta sede permaneceu como a dos sucessores e “cátedra” do seu bispo, representando o apóstolo a quem Cristo confiou para apascentar o seu rebanho ( Jo 21 , 15-19). Cátedra que “representa não só o seu serviço à comunidade romana, mas também a sua missão de guiar todo o povo de Deus” (Bento XVI, Audiência 22-2-2006). Podemos vê-la refletida na abside da Basílica de São Pedro, no monumento do artista Bernini: um grande trono de bronze, sustentado por imagens de dois grandes doutores do Ocidente: Santo Agostinho e Santo Ambrósio, e de dois do Oriente: São João Crisóstomo e Santo Atanásio.

“A Igreja e nela Cristo sofre hoje também. Nela Cristo é sempre escarnecido de novo e atingido; sempre de novo se procura pô-lo fora do mundo. Sempre de novo a pequena barca da Igreja é abalada pelo vento das ideologias, que com as suas águas penetram nela e parecem condená-la a afundar. E, contudo, precisamente na Igreja sofredora Cristo é vitorioso” (Bento XVI, Homilia 29.6.2006).

Rezemos por todos aqueles que sofrem as confusões deste tempo, confiando na promessa à Igreja edificada sobre Pedro: “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).

(Originalmente publicado em La Prensa Gráfica de El Salvador  19/02/2023 ) .

Por Pe. Fernando Gioia, EP

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