Cardeal Zen: os católicos são mais perseguidos na China do que antes do acordo com o Vaticano
O Cardeal Zen conversou com a jornalista Diane Montagna do Catholic Herald sobre temas sinodais.
Redação (18/10/2023 09:48, Gaudium Press) O Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong e um dos cinco cardeais que assinaram a dubia ao Papa Francisco sobre o Sínodo, conversou com Diane Montagna, que escreveu sobre esta entrevista no Catholic Herald.
O cardeal reiterou o que já havia expressado em uma carta que enviou aos cardeais e bispos participantes do sínodo sobre os vários “problemas de procedimento”, como as contínuas referências à “conversa no Espírito”, como se fosse uma espécie de “fórmula mágica”.
Sublinhou que “os bispos [que participam do Sínodo] representam apenas dez por cento do episcopado mundial. Como pode uma proporção tão pequena atingir o objetivo original do Sínodo, tal como estabelecido pelo Papa Paulo VI, como um meio de facilitar a colegialidade episcopal?”
O cardeal chinês ironizou algumas expressões em voga atualmente no âmbito sinodal:
“Por favor, encontrem alguém para nos explicar de forma que nós, pobres mortais, possamos entender: o que significa ‘discutir não ideias, mas experiências’? Então, a longa tradição de “ver e julgar” deve ser alterada para “ver e não julgar”. Mas Jesus disse aos apóstolos para ‘ensinar’!”
Os Sentimentos do Povo: Uma Nova Fonte de Revelação?
O Cardeal Zen também critica um certo descaso com a tradição de dois mil anos da Igreja em benefício de um sentimento do povo de Deus.
“Os animadores do Sínodo parecem reduzir a Palavra de Deus ao sentimento do povo – ou seja, de todos os batizados, mesmo daqueles que deixaram a Igreja há muito tempo – e se referem ao magistério, não o dos últimos vinte séculos, não o dos muitos papas recentes, mas apenas o do pontífice reinante.”
O cardeal também se referiu à presença de dois bispos chineses no Sínodo. Estes “são escolhidos pelo Papa entre os bispos reconhecidos pelo Papa como legítimos. Mas todos eles são bispos obedientes ao governo, não os verdadeiros pastores do povo – tanto da Igreja oficial quanto da clandestina – que são agora ainda mais perseguidos do que antes do acordo secreto” entre a China e a Santa Sé.
Sobre a questão das dubia apresentadas pelos cinco cardeais, o cardeal Zen disse que não se poderia obrigar o papa a responder às dúvidas reformuladas, “mas pelo menos eu tentei explicar aos fiéis por que nós consideramos que as respostas às dubia originais não dissiparam nossas preocupações”.
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