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Cardeal O’Malley: Não há relação entre celibato e abuso sexual na Igreja

A declaração foi feita após a apresentação do primeiro relatório anual sobre a proteção, publicado na terça-feira pela Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores.

Foto: Infocatolica

Foto: Infocatolica

Redação (31/10/2024 09:48, Gaudium Press) Após a apresentação do primeiro relatório anual sobre a proteção divulgado, nesta última terça-feira, pela Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores, o Cardeal Sean O’Malley, Arcebispo de Boston e presidente desta Comissão Pontifícia, sublinhou que “o celibato não é a causa da pedofilia”, enfatizando a necessidade de implementar mais reformas na Igreja para adotar uma abordagem centrada na vítima e proteger melhor as crianças.

O cardeal afirmou que “nunca viu nenhum estudo sério que indique que o celibato e os abusos sexuais estão relacionados”.

“Sim, estamos cientes do incrível dano que a pedofilia tem causado à credibilidade da Igreja e à nossa capacidade de ter uma voz profética na sociedade”, respondeu o cardeal à uma pergunta de um jornalista sobre uma possível ‘ligação entre o celibato e os abusos sexuais’ na conferência de imprensa de 29 de outubro.

“E isso só ressalta a urgência de a Igreja se reformar para que possamos cumprir a missão de Cristo e ser um sinal do seu amor. O Reino de Deus trata de justiça e verdade, e são estes os valores fundamentais de que estamos falando aqui”, acrescentou.

Maud de Boer-Buquicchio, jurista e defensora internacional dos direitos das crianças, nomeada para a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores pelo Papa Francisco em 2022, também afirmou não ver qualquer relação entre o celibato e o abuso sexual de crianças.

“Não vejo nenhuma relação”, afirma. “As relações sexuais com crianças são um crime e quem as comete tem um problema, relacionado ao seu estado psicológico”.

“Não há exceção para isto, não há desculpa para este crime. As crianças devem ser respeitadas na sua integridade, tanto física como moral. Por isso, o fato de serem celibatários ou não, é indiferente. As crianças devem ser protegidas”, acrescentou.

O Cardeal O’Malley declarou que o objetivo da comissão pontifícia, que dirige desde a sua criação em 2014, é “fazer todo o possível” para resolver a falta de justiça e o reconhecimento das vítimas por parte das pessoas na Igreja.

“O seu sofrimento e as suas feridas abriram nossos olhos para o fato de que, como Igreja, falhamos em cuidar das vítimas, não as defendemos e resistimos a compreendê-las quando mais precisavam de nós”, disse na coletiva de imprensa de terça-feira.

“Esperamos que este relatório – e os que virão – compilado com a ajuda das vítimas e dos sobreviventes no centro, ajude a garantir um firme compromisso de que estes eventos não voltem a acontecer na Igreja.”

Segundo O’Malley, o relatório anual de proteção – que descreve as políticas e os procedimentos do Vaticano para a proteção de menores – destina-se a complementar o papel de defesa da comissão, bem como a apoiar o trabalho do Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF).

“O trabalho do DDF é fundamental na administração da justiça na área de abuso sexual, e a nossa tarefa é tentar trazer uma dimensão pastoral a isso e à voz das vítimas”, explicou o cardeal.

A Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores celebra este ano o seu décimo aniversário. É agora uma instituição permanente no Vaticano, encarregada de acompanhar e ajudar os ministérios de proteção das Igrejas locais por meio de formação e capacitação.

Com informações CNA e infocatólica

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