Cardeal Ladaria perde o voo para Sínodo (voluntariamente)
Alguns motivos da não presença do cardeal no sínodo de outubro.
Redação (24/09/2023 11:59, Gaudium Press) O cardeal jesuíta Ladaria Ferrer, prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé, desceu do avião com destino ao Sínodo, algo muito inusitado. Na verdade, em vez de descer do avião, o que aconteceu é que ele não apareceu na lista de ‘passageiros’, apresentada na Sala de Imprensa vaticana por Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação.
Interrogado sobre as razões, o subsecretário do sínodo, Dom Marín de San Martín, limitou-se a dizer que não sabia. Ora, ele não tem bola de cristal.
Mas, precisamente por causa dessas incertezas, começam as especulações – as ‘fofocas’ que o Papa reiteradamente deplora – que não deixam de responder a essa poderosa e universal tendência humana chamada curiosidade, especialmente quando as questões são importantes.
O cardeal espanhol havia sido um dos designados nominalmente por Francisco para a assembleia de outubro, e houve quem afirmasse que se tratava de um reconhecimento de sua partida; agora, alguns meios de comunicação dizem que o cardeal pediu expressamente ao Pontífice que o dispensasse de tal nomeação.
Outros meios de comunicação, que demonstraram ter bons canais de informação, falam de uma deterioração progressiva da relação entre Francisco e o Cardeal Ladaria desde quando a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um Responsum ad dubium (Resposta à dúvida) negando a possibilidade de abençoar casais homossexuais, que foi apresentado como tendo a autorização do Pontífice. Contudo, dias mais tarde, alguns meios de comunicação disseram ter sido desmentido pelo papa.
Um segundo ponto de ruptura teria sido a carta que o Papa dirigiu ao novo prefeito do Dicastério para a doutrina da Fé, D. Fernández, na qual falava muito abertamente dos métodos imorais anteriormente utilizados por esse dicastério, fazendo o cardeal interrogar-se sobre o que se entendia por métodos imorais e a que época se referia essa expressão.
E um terceiro ponto de ruptura teria sido o relatório do Vicariato de Roma (a diocese do Papa) sobre a visita canônica ao centro de Aletti, fundado pelo questionado ex-jesuíta Rupnik; um relatório que lançou dúvidas sobre o procedimento do dicastério dirigido por Ladaria e que levou à excomunhão de Rupnik.
Porém, continuando não no caminho das fofocas, mas da realidade, já há vários que lamentam que uma voz de peso e um teólogo de valor não esteja presente no sínodo que suscita tantos receios de ruptura com a tradição católica. O cardeal espanhol seria uma voz muito respeitada, e poderia ser uma barreira contra os desvios muito perigosos.
Entretanto, e voltando às fofocas, não será, talvez, a razão principal da sua não presença o fato de ele não querer dar, com a sua participação, um aval a um encontro que muitos temem ser um dos mais incertos e potencialmente nefasto da história da Igreja?
Enfim, fofocas são fofocas, embora algumas, não todas, correspondam à verdade. (CCM)
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