Cardeal Eijk critica postura pró-suicídio assistido de membros da Pontifícia Academia para a Vida
O cardeal rebateu os argumentos do Pe. Casalone na Civiltà Cattolica.
Redação (23/02/2022 09:53, Gaudium Press) O Cardeal Willem Eijk, médico e membro da Pontifícia Academia para a Vida, rejeitou firmemente o apoio ao suicídio assistido como tática para impedir a legalização da eutanásia voluntária na Itália, postura assumida pelo Pe. Carlo Casalone e pela professora Marie-Jo Thiel, ambos membros da mesma Academia. A professora apoiou a posição do Pe. Casalone.
O suicídio assistido envolve uma pessoa com uma doença terminal ou condição incurável, que termina sua própria vida com uma dose letal de drogas. A eutanásia voluntária implica a permissão ou consentimento do paciente, dado a um médico, para provocar a morte de uma pessoa que sofre de uma doença incurável e dolorosa, ou que está em coma.
Em um artigo publicado em La Civiltà Cattolica, Pe. Casalone argumentou que fazer uma “avaliação negativa geral” da legislação que pede a eutanásia voluntária correria o risco de “favorecer o referendo” então proposto para a Itália sobre esse assunto e seu objetivo de legalizá-la.
O presbítero sugeriu invocar o princípio das “leis imperfeitas”, segundo o qual em alguns casos tem sido lícito a um político católico votar a favor de uma lei que restringe uma já aprovada e contrária ao ensinamento da Igreja, por exemplo, votar para reduzir a legalidade do período de tempo para o aborto de 24 para 16 semanas. O jesuíta afirmou que esse princípio poderia ser aplicado para favorecer o suicídio assistido, que supostamente seria um mal menor em comparação ao mal maior da eutanásia voluntária, já que o suicídio assistido teria condições estritas na Itália.
Resposta do Cardeal Eijk
No entanto, o Cardeal Eijk rejeitou categoricamente a sugestão e o argumento do Pe. Casalone.
O purpurado declarou que “não há diferença moral significativa” entre suicídio assistido e a eutanásia voluntária, “nem do lado do paciente nem do médico”, já que ambos têm “a mesma responsabilidade moral” na realização de um assassinato.
Na entrevista ao National Catholic Register, o Cardeal afirmou que o suicídio assistido e a eutanásia andam de mãos dadas e, portanto, o argumento de que permitir a legislação do suicídio assistido impediria a legislação da eutanásia “não faz sentido”.
“Abriria simples e automaticamente o caminho para legalizar a eutanásia, porque a diferença ética entre as duas não é significativa”, ponderou.
Sobre o argumento de “leis imperfeitas”, o cardeal disse que isso foi usado por João Paulo II na Evangelium Vitae (n. 73), no contexto da restrição do aborto, mas acrescentou que “votar uma lei pela qual permite o suicídio medicamente assistido não implica de forma alguma uma restrição à legalização da eutanásia”.
“Pelo contrário”, ressaltou, “legalizar o suicídio assistido automaticamente abre caminho para legalizar a eutanásia como o próximo passo lógico, já que não há diferença moral significativa entre suicídio assistido e eutanásia”.
Deixe seu comentário