Bispos do México prestam homenagem aos mártires Cristeros
A CEM posiciona os mártires como referência profética para os desafios atuais da Igreja no país, enfatizando que o centenário da Resistência Cristera, que será celebrado em 2026, pede um exame de consciência e um renovado compromisso.

Fusilamento do Padre Pro
Redação (15/11/2025 16:24, Gaudium Press) A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) prestou homenagem aos mais de 200.000 mártires da Resistência Cristera por meio de uma mensagem pastoral direcionada ao Povo de Deus. Intitulada, Igreja no México: Memória e Profecia – Peregrinos da Esperança rumo ao Centenário de nossos Mártires, o texto foi divulgado na quinta-feira, 13 de novembro.
Os bispos mexicanos aproveitam o que chamam de “Ruta Jubilar”, 2025-2026-2031, para agradecer primeiro pelos frutos do Jubileu da Esperança (2025), para lembrar a resistência do Cristero que nos desafia (2026) e para se preparar para 2031, o V Centenário das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe.
A mensagem, fruto da 119ª Assembleia Plenária da CEM, realizada de 10 a 14 de novembro, na Casa Lago, Estado do México, com a participação de 121 bispos mexicanos, recordou que “poucos meses depois da proclamação da Solenidade de Cristo Rei, em julho de 1926 entrou em vigor em nosso país a chamada ‘Ley Calles’, que desencadeou a mais cruel perseguição religiosa de nossa história. Foi por isso que, em janeiro de 1927, o povo católico oprimido iniciou a revolta armada conhecida como Resistência Cristera”.
“Quando o Estado totalitário tentou impor seu domínio absoluto sobre as consciências, nossos mártires entenderam com clareza cristalina a centralidade de Jesus Cristo: morrer gritando Viva Cristo Rei! era afirmar que nenhum poder humano pode reivindicar soberania absoluta sobre a pessoa e a consciência. Era dizer com a vida o que proclamavam com os lábios: Cristo é Rei, não o Estado opressor; Cristo é Rei, não o ditador no poder que se envolve em sua soberba”.
Os prelados lembram o testemunho de tantas pessoas que perderam suas vidas para defender a fé e a liberdade de praticá-la:
“Queremos honrar hoje a memória dos mais de 200 mil mártires que deram suas vidas defendendo sua fé: crianças, jovens, idosos; camponeses, trabalhadores, profissionais, sacerdotes, religiosos, leigos; o heroico México dos Cristeros que deram suas vidas por uma causa sagrada, pela liberdade de crer e viver segundo sua fé, todos eles escreveram uma página luminosa na história da Igreja universal e de nossa pátria”.
“O centenário de 2026 não pode ser uma mera comemoração nostálgica. Deve ser um exame de consciência e um renovado compromisso. Nossos mártires nos perguntam hoje: estamos preparados para defender nossa fé com o mesmo radicalismo? Perdemos nosso senso do sagrado? Nos tornamos complacentes com uma cultura que busca relegar a fé à esfera privada?”
A legislação promulgada pelo então presidente Plutarco Elías Calles estabeleceu um rígido controle contra os crentes e ministros de culto. Entre suas disposições, ela dissolveu as ordens monásticas, restringiu severamente o trabalho pastoral, proibiu o ministério de sacerdotes estrangeiros e o culto público fora dos templos, além de expropriar definitivamente todos os edifícios religiosos.
A Guerra Cristera terminou oficialmente em junho de 1929, embora a perseguição tenha continuado. As relações entre a Igreja e o Estado só foram restabelecidas em 1992, quando uma reforma constitucional e a Lei sobre Associações Religiosas e Culto Público reconheceram a existência jurídica da Igreja Católica.
Denúncia da violência e defesa da família
Sem adotar “uma posição política ou partidária”, os bispos denunciaram que “nossa nação ainda está sob o domínio dos violentos” e que “o câncer do crime organizado que sofremos há anos espalhou seus tentáculos por muitos cantos do país”. Eles criticaram o fato de que “nenhum dos líderes que governam este país conseguiu erradicar esse mal”.
O Episcopado advertiu que “toda essa preocupante realidade começa na família: uma sociedade que não protege a família está desprotegida”. Eles lamentaram os dados “alarmantes” que mostram “famílias desintegradas, violência na família e nas escolas, vícios que destroem a vida dos jovens”.
Os bispos criticaram as políticas públicas implementadas “sem um diálogo genuíno com os pais”, enquanto “promovem, de forma sutil e às vezes explícita, uma visão antropológica alheia à dignidade integral da pessoa humana”.





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