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Bispos do Equador clamam por diálogo em meio à violência nos protestos

Os bispos católicos do Equador pediram diálogo e paz enquanto o país enfrenta uma escalada de violência durante protestos nacionais liderados pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) contra os aumentos dos preços dos combustíveis impostos pelo governo.

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Redação (08/10/2025 16:32, Gaudium Press) A agitação eclodiu em meados de setembro, após a decisão do governo de eliminar os subsídios ao diesel, uma medida destinada a enfrentar os desafios fiscais, mas que provocou um descontentamento generalizado. Em 15 de setembro, os caminhoneiros iniciaram bloqueios nas estradas, paralisando as principais rodovias. Os protestos rapidamente se transformaram em uma greve nacional, atraindo comunidades indígenas, trabalhadores e cidadãos comuns frustrados com o aumento do custo de vida e as dificuldades econômicas.

As tensões atingiram um novo patamar na terça-feira, 7 de outubro, no décimo sexto dia da mobilização, quando a comitiva do presidente Daniel Noboa foi em El Tambo, na província de Cañar, onde estava programada a inauguração de projetos de infraestrutura. De acordo com Inés Manzano, ministra do Meio Ambiente e Energia do Equador, cerca de 500 manifestantes cercaram o veículo do presidente, arremessando pedras e deixando marcas de disparos no carro. Não houve relatos de feridos, mas o incidente ressaltou a intensificação da violência nos protestos.

A CONAIE, principal organização indígena do país, condenou o que descreveu como a “militarização de El Tambo” e acusou o governo Noboa de reprimir manifestações pacíficas. O grupo exigiu a reversão dos aumentos nos preços dos combustíveis e maior inclusão nas decisões políticas que afetam as comunidades indígenas e marginalizadas.

Em resposta à agitação, a Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) emitiu um comunicado durante uma reunião, em Azogues, instando todas as partes a priorizarem o diálogo para resolver a crise. “A violência nunca será o caminho para um futuro melhor”, declararam os bispos, alertando que ela coloca vidas em risco, prejudica pessoas inocentes, mina o Estado de Direito e perturba a paz social. A CEE reconheceu o direito ao protesto pacífico, especialmente para aqueles cujas reivindicações não foram atendidas, mas enfatizou que o diálogo construtivo é a única maneira de superar a crescente divisão política e social.

“Nosso primeiro apelo sempre foi pelo diálogo e pela paz”, disse Dom David de la Torre, secretário-geral da CEE e bispo auxiliar de Quito. “Este apelo se estende a todas as partes envolvidas — do governo às organizações sociais e indígenas e à sociedade civil como um todo — como uma missão a serviço do povo.”

O governo respondeu com força, declarando estado de emergência em dez das 24 províncias do Equador para conter a violência e evitar uma escalada maior. O decreto, assinado pelo presidente Noboa, concede às autoridades poderes ampliados para mobilizar forças de segurança e impor restrições a aglomerações públicas. A medida foi criticada pelos líderes dos protestos, que argumentam que ela exacerba as tensões e reprime a dissensão legítima.

O apelo dos bispos ao diálogo reflete uma esperança de reconciliação, mas, com ambos os lados inflexíveis, o caminho para a paz permanece incerto. O governo enfrenta uma pressão crescente para resolver as queixas econômicas que alimentam os protestos, ao mesmo tempo em que busca restaurar a ordem em uma nação à beira do caos.

Com informações Fides e AP

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