Bispos alemães ignoram advertência do Cardeal Parolin
Presidente do episcopado alemão ignora novas advertências do Secretário de Estado sobre a criação do Conselho Sinodal.
Redação (24/01/2023 18:28, Gaudium Press) Uma das grandes críticas feitas pelos cardeais Ouellet e Ladaria ao chamado Caminho Sinodal Alemão, por ocasião da visita Ad Limina de 62 bispos teutônicos em novembro passado, foi contra a tentativa deste controverso sínodo em questão de criar um órgão misto clero-leigos com poder para supervisionar tudo na Igreja alemã, um Conselho Sinodal, que de acordo com a determinação desse sínodo em setembro passado, “tomará decisões de fundamental de importância supra diocesana, sobre planejamento pastoral, questões sobre o futuro da Igreja e financeiras”.
A este respeito, o Cardeal Prefeito da Doutrina da Fé, Luis Ladaria, advertiu os prelados alemães da época que, “para manter sempre o Evangelho íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, entregando a eles a autoridade de ensinar em seu próprio lugar”, e que “não é possível igualar esta tarefa delicada e decisiva na vida da Igreja Católica com outros ofícios da Igreja, como os de teólogos e especialistas em outras disciplinas”, que, aí sim, podem ser exercidas por leigos.
No entanto, a maioria dos bispos alemães não se comove com essas advertências.
É por isso que agora cinco bispos daquele país de linha tradicional solicitaram novos esclarecimentos a esse respeito, os quais foram respondidos pelo Cardeal Secretário de Estado Parolin, e que mais uma vez suscitou a declaração de independência dos bispos relacionados com a Caminho Sinodal alemão.
De fato, a Infocatólica informa que, após os pedidos de esclarecimento dos cinco prelados – Cardeal Rainer Maria Woelki (Colônia) e Bispos Gregor Maria Hanke OSB (Eichstätt), Bertram Meier (Augsburg), Stefan Oster SDB (Passau) e Rudolf Voderholzer (Regensburg) – Cardeal Parolin enviou uma carta ao presidente do episcopado alemão, Monsenhor Georg Batzing, dizendo “que nem o Caminho Sinodal, nem qualquer organismo por ele instituído, nem nenhuma conferência episcopal tem competência para estabelecer o ‘Conselho Sinodal’ a nível nacional, diocesano ou paroquial”, Conselho sinodal que “parece estar acima da autoridade da Conferência Episcopal e a substitui de facto”, bem como a autoridade dos bispos em suas dioceses.
A carta do cardeal Parolin não é uma mera opinião do cardeal, mas traz também as assinaturas dos cardeais Ladaria e Ouellet – este último prefeito do Dicastério para os Bispos – e foi especificamente aprovada pelo Papa.
Além disso, os bispos alemães “não são obrigados” a “participar dos trabalhos do ‘Comitê Sinodal'”, ressaltou Parolin.
Reação do episcopado alemão
Em um comunicado de imprensa publicado hoje, a Conferência Episcopal Alemã afirma que a Carta do Cardeal Parolin foi debatida no Conselho Permanente daquele órgão, que o projetado Conselho Sinodal não tem mais competências do que a Assembleia Sinodal do Caminho Sinodal que está em andamento, e que a preocupação expressa na carta de que um novo órgão pudesse se situar acima da Conferência Episcopal ou minar a autoridade de bispos individuais não se justifica.
Segundo a Conferência Episcopal Alemã, o Conselho Sinodal, que será preparado pelo Comitê Sinodal, estará sob o direito eclesiástico vigente. De acordo com o comunicado de imprensa, grande parte do Conselho Permanente voltou a afirmar a sua vontade de aplicar a resolução da Assembleia Sinodal no Comité Sinodal e de retomar as consultas. Ou seja, eles estão seguindo em frente.
O desvio doutrinal e pastoral da Igreja alemã também continua
Concomitantemente com a reação do episcopado alemão à Carta do Secretário de Estado Parolin, a Infocatólica relata também a publicação das “Diretrizes para a competência na educação sexual na atenção pastoral/nos campos de atuação da Igreja” da diocese de Limburgo, encabeçado pelo presidente do episcopado, um documento em que, segundo o resumo da Infocatólica, “todos os pontos de vista católicos são abandonados e se cria uma nova imagem do ser humano e da sexualidade, orientada para a ideologia de gênero. Mons. Bätzing, que publicou este documento para aplicação após uma decisão do Conselho Sinodal Diocesano, mais uma vez se opõe à doutrina da Igreja”.
O documento, que repetidamente fala que cada pessoa deve encontrar sua autodeterminação sexual, a qual deve ser respeitada pela Igreja, afirma no terceiro ponto que “não existe apenas sexualidade entre homem e mulher, mas também entre mulher e mulher. Ou entre homem e homem. Ou entre pessoas que não se sentem mulher nem homem”.
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