Bispo Zanchetta, nomeado pelo Papa Francisco, cumpre pena em mosteiro argentino
O bispo condenado por abuso sexual, Gustavo Zanchetta, está de volta a Orán, Argentina, cumprindo sua pena de quatro anos em prisão domiciliar. As vítimas denunciam as falhas da Igreja e do sistema judicial.
Redação (06/06/2025 09:44, Gaudium Press) A mídia argentina noticiou nesta última quinta-feira, 5 de junho, que o ex-bispo condenado, nomeado pelo Papa Francisco, retornou à sua antiga diocese e continuará a cumprir sua sentença em prisão domiciliar, em um convento local.
Uma das vítimas de Zanchetta, o ex-seminarista Matías Montes, confirmou à mídia local que o prelado condenado se reuniu com o bispo Luis Scozzina, de Orán, e está hospedado em um mosteiro.
“Zanchetta está em Salta. Ele recebeu a visita do atual bispo de Orán — eles estão preparando um quarto para ele no mosteiro. Eu vi com meus próprios olhos”, disse Montes.
Zanchetta, condenado em 2022 por abuso sexual agravado contra seminaristas, estava em Roma, desde novembro de 2024, para tratamento cardíaco, que seus advogados alegaram não haver na Argentina. Ele foi operado no hospital de Roma, onde o Papa Francisco também foi tratado no início deste ano.
Um tribunal argentino autorizou a viagem de Zanchetta com a condição de que ele retornasse até 1º de abril para retomar a prisão domiciliar em uma residência para sacerdotes aposentados. No entanto, seu paradeiro ficou incerto após a alta do hospital, com a Diocese de Orán se recusando a confirmar se ele havia retornado.
Montes, que testemunhou contra Zanchetta, expressou frustração com o processo judicial, alegando que o bispo está sendo favorecido.
Uma ascensão e queda controversas
O Papa Francisco nomeou Zanchetta como bispo de Orán em 2013, uma de suas primeiras nomeações episcopais. No entanto, Zanchetta renunciou abruptamente em 2017, aos 53 anos — 22 anos antes da idade de aposentadoria obrigatória — inicialmente alegando motivos de saúde.
Em 2019, o Vaticano admitiu ter recebido denúncias de abuso sexual contra ele. O ex-vigário geral, Pe. Juan José Manzano, revelou que denúncias de má conduta, incluindo mensagens explícitas a seminaristas, haviam sido relatadas já em 2015.
Apesar disso, Francisco nomeou Zanchetta para um cargo financeiro no Vaticano. Após a abertura de uma investigação canônica em 2019, Zanchetta afastou-se brevemente, mas voltou à função em 2020. Ele deixou o Vaticano em 2021, antes de seu julgamento na Argentina, onde foi condenado, no ano seguinte, a quatro anos e meio de prisão pelo Tribunal de Primeira Instância de Orán.
Recurso negado e controvérsia em andamento
Em fevereiro, um tribunal de apelação manteve a condenação de Zanchetta depois que seus advogados argumentaram que suas ações foram mal interpretadas devido a “estereótipos de gênero” por causa de sua homossexualidade. O tribunal rejeitou a alegação, decidindo que sua conduta era claramente abusiva.
Até o momento, o Vaticano não impôs penalidades canônicas a Zanchetta, apesar de sua condenação criminal. Seu retorno a Orán sob prisão domiciliar reacendeu as críticas das vítimas, que afirmam que a Igreja e o judiciário falharam em fazer justiça.
Os casos do Pe. Marko Rupnik e do bispo Zanchetta continuam entre as questões de abuso mais urgentes que o Papa Leão XIV precisa resolver.
Com informações The Pillar
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