Bispo de Matagalpa entre dois precipícios: o exílio ou a condenação
É a primeira vez que um sucessor dos apóstolos é julgado na Nicarágua. O regime de Ortega é contra todas as liberdades.
Redação (16/01/2023 15:48, Gaudium Press) Às vezes, o espírito materialista de hoje obscurece nossa visão de fatos sublimes, como o testemunho de fé que Dom Rolando Álvarez, bispo perseguido de Matagalpa, oferece ao mundo na Nicarágua.
Começou com uma perseguição contra sua diocese, sua mídia; depois foi sitiado na cúria em Matagalpa, transferido como um bandido durante a madrugada e agora encontra-se sequestrado em sua residência em Manágua enfrentando uma paródia de julgamento: Dom Álvarez deve deixar seu país, como já o fez Mons. Silvio Báez, ou viver como prisioneiro, talvez nas masmorras de El Chipote, como já estão alguns de seus sacerdotes.
De fato, nos últimos dias, a mídia noticiou o que disse Monsenhor José Antonio Canales, Bispo de Danlí: “a notícia que tivemos é que Monsenhor Álvarez recebeu sua liberdade, mas fora da Nicarágua”. Mas, aparentemente, o prelado já com aparência de mártir “prefere” permanecer no país a “agradar ao regime”.
Fabián Medina em Infobae, relata que o processo judicial não é apenas uma série de violações ao devido processo, mas uma farsa, porque de acordo com o defensor dos Direitos Humanos, também no exílio, Pablo Cuevas, “já existe uma sentença de condenação, apenas os detalhes estão sendo colocados. Já sabemos o que vai acontecer. As sentenças são feitas em El Carmen”, residência de Daniel Ortega.
Enquanto isso, o regime ditatorial da Nicarágua, já sem nenhuma reação, está transformando o país em outra ilha-prisão, com a maior inflação da América Central, políticos nas prisões, opositores em prisão domiciliar e perseguição constante aos meios de comunicação que ainda ousam ter alguma independência.
Ao que tudo indica, segundo declarações do embaixador americano junto à OEA, os Estados Unidos imporão ainda mais sanções ao regime repressivo de Ortega, dirigidas “a qualquer indivíduo que viole os direitos humanos, inclusive o meio familiar de Ortega”, além de “todas as possíveis sanções contra o Governo da Nicarágua” com o objetivo de “mudar o sistema de opressão que existe hoje na Nicarágua”. A comunidade internacional não pode ignorá-lo.
A situação é, portanto, cada vez mais repressiva, cada vez mais de uma prisão vigiada, e isso, com um povo que se recusa a submeter-se por inteiro. Pode ser explosivo…
E sobre tudo isso, algum pronunciamento do Vaticano? (MCC)
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