Biden e o próximo Conclave
A ideia de um “Conclave” está sendo a cada dia mais ventilada nos círculos dos vaticanistas, e um mero espirro de qualquer um dos dois homens vestidos de branco já levanta um tsunami de expectativas e conjecturas… Admitindo esse prognóstico, é cabível se perguntar se o novo governo Biden irá projetar alguma influência sobre o próximo a se assentar no trono de São Pedro?
Redação (19/02/2021 10:15, Gaudium Press) Ultimamente tem estado muito em voga o tema “Nova Ordem Mundial”. Circulam aqui, lá e acolá, teorias da conspiração, algumas delas contendo certas verdades, prognosticando que as “forças ocultas” que supostamente dirigem a humanidade decidiram tomar novos rumos, aproveitando-se do vírus para tolher da população seu direito de ir e vir, sua comunicação, sua economia, sua religião, enfim, lançar-nos a todos no caos.
É difícil discernir, dentro de tudo isso, até onde vai a realidade, até onde o mito, e sobretudo até onde vai a capacidade de o ser humano determinar o destino do mundo, que está exclusivamente nas mãos de Deus.
Fato incontestável, porém, é que estamos já vendo novos rumos serem tomados na política internacional.
Por outro lado, no campo religioso, a cada dia que passa a ideia de um “Conclave” está sendo mais ventilada nos círculos dos vaticanistas, e uma mera tosse de qualquer um dos dois homens vestidos de branco já levanta um tsunami de expectativas e conjecturas. Não é para menos, pela idade em que se encontram e pelas circunstâncias sanitárias que nos encontramos.
Admitindo que esse prognóstico se realize em futuro não tão distante, é cabível se perguntar se o novo governo Biden irá projetar alguma influência sobre o próximo a se assentar no trono de São Pedro?
Entre os Papas, o Povo e os Presidentes
Para entender a influência que até hoje a Igreja exerce sobre o Estado e vice-versa, é preciso considerar o terreno que ambos têm em comum: a Opinião Pública.
Entre os assuntos sobre os quais os poderes civis deliberam estão aqueles que possuem alguma implicação religiosa ou moral, como o aborto, a eutanásia, o desarmamento, distanciamento social, etc. Sobre tudo isso, o legado bimilenar da doutrina católica tem sempre algo a dizer.
O ensinamento da Igreja irá necessariamente influenciar a reação da Opinião Pública católica e daqueles que comungam em algo da filosofia de vida cristã.
Por enquanto, este grupo ainda representa uma fatia considerável da grande Opinião Pública, ao menos em boa parte dos países ocidentais. Ora, estamos em um mundo democrático: número vultoso é – ou deveria ser – sinônimo de voz e vez.
Se os católicos podem influenciar assim a política civil, a fortiori influenciarão muito mais a eclesiástica, sobretudo em uma Igreja que a cada dia confere mais audiência ao laicato.
Trata-se de entender, portanto, quais são as reações que a Opinião Pública católica está ameaçando promover.
Biden e o próximo Conclave
Muitos dos grandes movimentos de Opinião Pública são produzidos por saturações.
Para nos restringir só à História recente, antes da gestão Bolsonaro, o Brasil vivia o governo Lula-Dilma, ao mesmo tempo em que os EUA encontravam-se também em gestão esquerdista, e assim vários países latino-americanos e até mesmo europeus.
Enquanto isso, no governo da Igreja estava Joseph Ratzinger, o Papa teólogo e conservador, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que reabilitou a missa tridentina, etc.
Curiosa discrepância, que em muito faz recordar aquelas balanças medievais, onde dois pesos são depositados em braços opostos, a fim de facilitar o equilíbrio…
Ora, Bento XVI renunciou e cedeu lugar a Francisco, cujas obras de per si, denunciam sua orientação. A balança estava pendendo demais para um lado só.
Em pouco tempo, vimos uma drástica mudança em vários governos, cujo exemplar mais expressivo foi a gestão Trump nos EUA, seguida de perto pelo governo Bolsonaro, que foi eleito sem muitos gastos de uma campanha eleitoral. Situação muito explicável, se considerarmos a saturação da Opinião Pública com o regime anterior.
Agora Trump caiu. E Biden já deu mostras claríssimas de como se comportará em seu mandato. A balança começa a pender novamente para a esquerda.
De volta à hipótese do Conclave, é o caso de se perguntar: estando a esquerda à dianteira da maior e mais influente potência do mundo ocidental, convém aos cardeais forçar ainda mais a nota, ou é melhor fazer a balança pesar para o outro lado?
Por Oto Pereira
Deixe seu comentário