Bento XVI rejeita “teorias da conspiração” a propósito de sua renúncia
Oito anos após o fim do seu pontificado, Bento XVI insiste que “Não há dois Papas”, e rejeita “teorias da conspiração”.
Redação (01/03/2021, Gaudium Press) No dia 11 de fevereiro de 2013, uma decisão tomada pelo Papa Bento XVI surpreendeu o mundo.
Joseph Ratzinger estava reunido com cardeais para um consistório público ordinário, destinado a definir datas de canonização quando anunciou aos cardeais que renunciava ao Pontificado.
Em seguida, no dia 28 de fevereiro de 2013 encerrava-se o Pontificado de Bento XVI.
Possibilidade de renúncia de um Papa, segundo o Direito Canônico
A última renúncia ao pontificado tinha acontecido em 1415, com o Papa Gregório XII.
O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e ela não precisa ser aceita por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.
O que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público.
Como vive nos últimos oito anos o Papa Emérito
No último dia 14 de janeiro, Bento XVI foi vacinado contra a Covid-19, partilhando a “preocupação com a pandemia”, disse o seu secretário particular, em declarações ao Vatican News.
Georg Gaenswein, prefeito da Casa Pontifícia, afirmou que Bento XVI está fisicamente frágil, mas lúcido.
O Papa Emérito completará 94 anos de idade a 16 de abril. E pode ser considerado o pontífice mais velho da história da História da Igreja. Ele ultrapassa o Papa Celestino III (1105-1198) e Leão XIII (1810-1903), que faleceram aos 93 anos.
Nestes últimos oito anos, o Papa emérito mantém sempre uma vida bastante reservada. Ele vive no território do Vaticano, no antigo Mosteiro ‘Mater Eclesiae’.
Do Mosteiro Ratzinger saiu apenas para ir até a Alemanha, no dia 18 de junho de 2020, para despedir-se de seu irmão mais velho, Georg Ratzinger, também sacerdote e que faleceu duas semanas depois, em 01 de julho de 2020.
Em entrevista ao “Corriere dela Sera”, Bento XVI rejeita “teorias da conspiração” sobre sua renúncia
O Papa emérito Bento XVI concedeu uma entrevista ao jornal italiano ‘Corriere della Sera’ na qual rejeita o que chama de “teorias da conspiração” sobre a sua renúncia ao pontificado, em fevereiro de 2013.
“Foi uma decisão difícil, mas tomei-a em plena consciência, e creio que fiz bem. Alguns dos meus amigos algo ‘fanáticos’ ainda estão zangados, não quiseram aceitar a minha escolha”, admite.
“Não há dois Papas, o Papa é só um”, acrescenta Bento XVI, oito anos após o final do seu pontificado, sublinhando que a sua decisão foi ponderada.
O Papa emérito lamenta que, após a sua renúncia, tenham surgido “teorias da conspiração”.
“Houve quem tivesse dito que foi por culpa do escândalo do ‘Vatileaks’, por causa de um complô do ‘lobby gay’, por causa do caso com o teólogo conservador Richard Williamson.
Não querem acreditar numa opção tomada conscientemente. Mas a minha consciência está no seu lugar”, realçou.
Bento XVI e a visita de Francisco ao Iraque
O Papa emérito comentou ao ‘Corriere della Sera’ a próxima visita de Francisco ao Iraque, de 5 a 8 de março, falando numa viagem “muito importante”.
“Infelizmente, ela acontece num momento muito difícil que a torna também numa viagem perigosa: por razões de segurança e pela Covid. Depois há a situação iraquiana, instável.
Acompanharei Francisco com a minha oração”, comentou na entrevista. (JSG)
(Com informações Agencia Ecclesia e Vatican News – Foto VaticanNews)
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