Bélgica: Igreja Católica em declínio
Em 6 anos, a Igreja na Bélgica perdeu 1.000 padres diocesanos. No ano passado, houve apenas dez ordenações.
Redação (19/12/2024 17:39, Gaudium Press) O relatório deste ano, publicado pela Conferência Episcopal da Bélgica, revela dados catastróficos sobre sua situação, apesar de destacar aspectos como a generosa dedicação do trabalho voluntário nas paróquias.
Em comparação com 2016, houve um declínio acentuado nos principais indicadores da presença da Igreja Católica na Bélgica. Com efeito, em 2016, havia 2.774 padres diocesanos; em 2023, apenas 1.764; uma redução de 36,4%. Se esse número for estendido a todos os sacerdotes (diocesanos e religiosos), a redução é de 30,9%. Foram 10 ordenações em 2023, em comparação com números muito baixos anteriormente.
A prática sacramental (batismos, comunhões, casamentos religiosos, confirmações e funerais religiosos) está em declínio. O número de batismos religiosos caiu de 50.867 em 2016 para 34.826 em 2023, uma queda de 31,5%. Os casamentos religiosos seguiram uma tendência semelhante, com uma redução de 33,3%. Com cerca de 6 milhões de católicos, menos de 175.000 frequentavam regularmente a missa dominical em 2022. Isso representa apenas 3% da população católica.
O que realmente chama a atenção é o disparo nas solicitações para remover nomes do registro de batismo. Essa cifra geralmente gira em torno de 1.500 pessoas por ano e já havia atingido o pico de 5.237 em 2021, quando Dicastério para a Doutrina da Fé do Vaticano declarou que a Igreja Católica não tem poder para abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo, uma declaração considerada impopular para muitos belgas.
Em 2023, foram registradas 14.251 solicitações de “desbatismo”, um aumento considerável em comparação com as 1.270 em 2022: dez vezes mais em apenas um ano.
Quando os católicos solicitam para serem “desbatizados” na Bélgica, o pedido é anotado na margem do registro de batismo da paróquia onde foram batizados, mas a inscrição batismal não é apagada.
A Igreja Católica ensina que “o batismo marca o cristão com um selo espiritual indelével da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Batismo de produzir frutos de salvação” (Catecismo, 1272)”. Embora uma pessoa possa deixar de praticar a fé, ou até mesmo renunciar a ela, é impossível reverter os efeitos do batismo.
Isso provocou uma batalha legal com os cidadãos belgas, que argumentam que tal política viola seu direito à privacidade e à proteção de dados.
O bispo de Liège atribui esse aumento significativo à repercussão do documentário da VRT ‘Godvergeten’, que trata de casos de abuso sexual cometidos dentro da Igreja Católica”. O próprio “Godvergeten” é uma consequência da situação que se desenvolveu em Flandres há 50 anos”.
De acordo com o relatório da Igreja Católica, essa explicação pode parecer plausível, já que 98% dos pedidos de cancelamento de registro foram registrados em Flandres e na arquidiocese de Mechelen-Bruxelas.
Embora não haja comentários na mídia sobre o que significou o Concílio Vaticano II, ocorrido há precisamente 50 anos, é evidente que houve um desvio em termos de catequese e formação dos católicos belgas. Essa situação levou até mesmo três bispos belgas a criticar as declarações do Papa sobre o aborto e o Rei Balduíno em sua recente viagem.
Um dado positivo a ser destacado é o leve aumento no número de batismos de adultos que registrou 260 em 2023, em comparação com 225 em 2022.
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