Aumenta procura pelo Sacramento da Confissão na França
O país também testemunhou recentemente um aumento nos batismos de adultos, especialmente entre os jovens, juntamente com um aumento nas vendas da Bíblia.

Foto: igreja de Saint-Louis d’Antin
Redação (19/12/2025 08:42, Gaudium Press) Uma recente pesquisa realizada pelo instituto Ifop para os grupos Bayard e La Croix traça um panorama detalhado do ressurgimento da Confissão na França. Divulgado no início de dezembro, o estudo aponta que metade dos fiéis que frequentam a missa semanalmente no país agora recorre ao Sacramento da Reconciliação.
Em uma nação há muito vista como laboratório da secularização ocidental, surge um sinal inesperado na vida católica francesa: o Sacramento da Confissão parece estar recuperando terreno.
De acordo com a sondagem, entre os católicos que vão à missa pelo menos uma vez por mês, mais de um terço declara frequentar regularmente esse Sacramento. Mesmo entre aqueles com participação mais esporádica, a confissão não desapareceu completamente, embora permaneça marginal.
Esses números desafiam a narrativa que dominou os debates sobre o catolicismo ocidental por décadas: a de que a Confissão estaria em declínio irreversível. Historiadores registram uma forte queda da prática a partir de meados dos anos 1960 na França e dos anos 1970 nos Estados Unidos. Os novos dados não apagam essa trajetória, mas indicam uma mudança de rumo.
A realidade das paróquias no centro de Paris oferece um exemplo concreto. Na Igreja Saint-Louis d’Antin, a poucos passos de alguns dos centros comerciais mais movimentados da capital, os sacerdotes ouvem confissões do início da manhã até a noite, sete dias por semana.
Grandes faixas na entrada do templo convidam explicitamente os pedestres ao Sacramento. Para o pároco, o cônego Jean-Marc Pimpaneau, o interesse renovado é palpável.
Devoções tradicionais, peregrinações, vigílias prolongadas de oração e um vocabulário moral revitalizado ressurgem em conjunto, gerando o que ele descreve como uma nova consciência do pecado e da reconciliação.
Essa dinâmica pastoral já começa a influenciar respostas institucionais. Em assembleia plenária no final de 2024, os bispos franceses pediram que as dioceses estabeleçam penitenciárias — estruturas dedicadas à formação e ao acompanhamento de sacerdotes confessores. Paris já deu passos nessa direção, reconhecendo que a prática sacramental exige preparação clerical contínua.
O cenário eclesial mais amplo na França ajuda a explicar o momento desse ressurgimento. O país registrou, nos últimos anos, um aumento de batismos de adultos, especialmente entre jovens, crescimento nas vendas de Bíblias e participação recorde em peregrinações nacionais.
Esses avanços convivem com a contínua redução da presença social do catolicismo. Segundo o estudo do Ifop, cerca de 5,5% da população adulta frequenta a missa pelo menos mensalmente, enquanto outros 6,5% o fazem apenas em raras ocasiões.
A concentração urbana desempenha papel decisivo. Quase um terço dos fiéis regulares reside hoje na região parisiense, enquanto dioceses rurais enfrentam simultaneamente a secularização e o despovoamento. O resultado é uma visível aglomeração de católicos engajados em paróquias do centro das grandes cidades, formando comunidades que transmitem vitalidade e autoconfiança.
O confessionário, por muito tempo visto como vítima da modernidade, pode estar se ressurgindo como um espaço central e definidor na vida da Igreja Católica na França.
Com informações Zenit.org.





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