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Aprendendo com as múmias

A vida tem altos e baixos. Como fazer para estar sempre em cima?

Statue Senusret I Petrie

Redação (30/07/2020 10:12, Gaudium Press) Quem visita os inúmeros museus do Cairo, no Egito, se impressiona com o testemunho de um passado grandioso. As técnicas do antigo império estão ainda envoltas em mistério e surpreendem inclusive nossa avançada ciência.

Porém, é impossível falar das relíquias daquela civilização sem falar das múmias. Apesar de a fantasia pintar muitas histórias estranhas e assustadoras sobre os sarcófagos e seus “habitantes”, as múmias nada mais são do que cadáveres conservados, mediante certos processos naturais.

Uma das múmias mais bem apresentáveis é a do faraó Sésostris, de quem os historiadores afirmam ter sido um monarca coroado de triunfos militares. Satisfeito com as vitórias e os êxitos, o soberano organizava magníficos cortejos, nos quais seu carro desfilava diante da população egípcia, puxando uma carroça que levava os reis vencidos.

O povo aclamava a grandeza do faraó, orgulhando-se de sua civilização, à qual julgavam imortal. Os pobres monarcas vencidos, de cabeça baixa, aguardavam o fim do desfile que certamente anunciaria outro fim, bem triste.

Entre os reis derrotados, contudo, um permanecia completamente alheio às ovações do populacho. Sua indiferença chamou a atenção de Sésostris, pois o prisioneiro tinha fixado as vistas nas rodas de seu carro, as quais giravam incessantemente sobre as ruas. Intrigado, o faraó perguntou:

– Que fazes?

– Eu observo, respondeu sereno o vencido, como o que está no alto cai rapidamente por terra, enquanto o que está por baixo sobe de repente às alturas. Assim é o carro de teus êxitos. Hoje, tu triunfas. Amanhã, poderás ser vencido.

Conta a História que o faraó Sésostris, refletindo na sabedoria daquelas palavras, mandou colocar o prisioneiro em liberdade.

Eu estou embaixo ou em cima?

As rodas daquele carro egípcio são bem a imagem da vida: tudo gira. Ora estamos no alto, ora estamos na lama, lá embaixo.

Mas se isso é verdade para os bens passageiros, pois as fortunas evaporam e a beleza envelhece, há certas coisas na vida que são estáveis.

A estes bens, que os ladrões não roubam e o tempo não desfaz, devemos desejar com avidez e – se poderia dizer – com cobiça: são os bens do espírito: a Fé, a virtude e o amor a Deus. Quem abraça estes tesouros, está em paz e sempre no alto.

Se as múmias pudessem falar, elas nos dariam preciosas lições![1]

 

Por Luis Toniolo


[1] Baseado em Causeries du dimanche, septimème série. Paris: Bonne Presse.

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