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Afonso Henriques e a Batalha de Ourique

Primeiro Rei de Portugal, Afonso Henriques devia enfrentar um exército de maometanos muitíssimo mais numeroso do que o seu. Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu, incentivou-o a atacar os infiéis e a vitória dos católicos foi total. 

540px D. Afonso Henriques – Coleccao da Biblioteca Nacional de Portugal detail

Redação (24/08/2023 10:33, Gaudium Press) Descendente do Rei da França Hugo Capeto, fundador dessa dinastia, Afonso Henriques nasceu em 1109, provavelmente em Guimarães, Norte de Portugal. Tendo vindo à luz paralítico, ficou órfão de pai aos três anos de idade e foi entregue a Dom Egas Moniz – pertencente a uma das famílias mais nobres e poderosas do Condado Portucalense –, que se tornou seu tutor.

Nesse tempo, ainda não existiam Espanha e Portugal. O território da Península Ibérica estava dividido: o Sul era dominado pelos muçulmanos e o Norte se compunha de reinos e condados católicos. O Condado Portucalense era vassalo do Reino de Leão, na atual Espanha.

Curado da paralisia pela Virgem Santíssima

Tendo ele cinco anos, Nossa Senhora apareceu a Dom Egas e ordenou-lhe que restaurasse uma igreja em ruínas. Quando ficasse pronta, deveria levar o menino para lá e Ela o curaria da paralisia. Acrescentou que seu Divino Filho queria, por meio de Afonso, destruir muitos inimigos da Fé.

Dom Egas atendeu incontinenti o pedido da Mãe de Deus. Terminada a restauração do templo, colocou o menino sobre o altar e ele ficou totalmente curado.

Aos 16 anos, atingindo a maioridade, foi armado cavaleiro na Catedral de Zamora, no Reino de Leão.  Varão alto e forte, de olhar sereno, era “grande cortador de espada”.

Afonso comandou diversas batalhas contra os maometanos e, até mesmo, precisou enfrentar soldados instigados por sua própria mãe, a qual se unira a um fidalgo inimigo de seu filho. Este os venceu, e sua progenitora, expulsa do Condado, ingressou num convento.

Homem de Fé, em 1131 ele promoveu a fundação do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, cujo superior foi São Teotônio que participou, como Cruzado, de duas peregrinações à Jerusalém. Apoiou Dom Afonso na guerra contra a mãe e se tornou seu conselheiro. Sua memória é celebrada em 18 de fevereiro.

Restaurou e construiu muitos castelos e fortalezas visando, sobretudo, formar os cavaleiros católicos para lutarem contra os maometanos.

BatalhaOurique

Nosso Senhor crucificado aparece a Dom Afonso

366px Milagre de Ourique c. 1880 1890 Antonio Jose Pereira Irmandade de Nossa Senhora de Rodes Paroquia de Reriz Diocese de ViseuAos 30 anos de idade, Afonso reuniu um exército de 12.000 homens e partiu em direção ao Sul a fim de combater os infiéis. Ao chegarem a Ourique, no Alentejo, seus guerreiros ficaram inseguros diante do exército dos muçulmanos, composto de aproximadamente 400.000 soldados, comandados por cinco reis africanos e andaluzes.

O próprio Dom Afonso escreveu, posteriormente, o que se passou.

Entrou ele em sua tenda e, tomando a Bíblia, leu no livro dos Juízes a vitória de Gedeão o qual, com apenas 300 homens escolhidos, derrotou 135.000 madianitas que oprimiam o povo eleito. E, em oração ao Redentor, pensou:

“Mui bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por amor vosso tomei sobre mim esta guerra contra vossos adversários; em vossa mão está dar a mim e aos meus fortaleza para vencer estes blasfemadores de vosso Nome.”

Então, Nosso Senhor pregado na Cruz, circundado de Anjos, apareceu a Dom Afonso que se prosternou e, derramando lágrimas, disse:

“A que fim me apareceis, Senhor? Quereis, porventura, acrescentar Fé a quem tem tanta? Melhor é por certo que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, que desde a fonte do Batismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora.”

O Redentor respondeu-lhe: “Não apareci deste modo para acrescentar tua Fé, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios de teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos de minha Cruz!”

“Fortalecer teu coração” significa que ele não podia se deixar levar pela insegurança de seus soldados, mas investir corajosamente contra os maometanos.

Jesus afirmou também que Dom Afonso fundaria um império por meio do qual seu Nome seria pregado em nações desconhecidas. Pode-se dizer que Ele profetizava a evangelização do Brasil.

E acrescentou que Dom Afonso deveria compor um escudo de armas no qual estariam representadas as cinco chagas de Nosso Senhor crucificado, que foram o preço pelo qual Ele redimiu o gênero humano.

Real! Real! Por Dom Afonso, Rei de Portugal!

479px Portogallo Alentejo Alfonso HenriquesNa aurora do dia seguinte – 25 de julho de 1139, festa do Apóstolo São Tiago Maior –, todo o exército estava radiante de contentamento e os chefes começaram a chamar Dom Afonso de “rei”. Ele aceitou esse título, como o próprio Nosso Senhor lhe havia recomendado.

E todos bradaram “Real! Real! Por Dom Afonso, Rei de Portugal!”, com fortes toques de tambores, trombetas e outros instrumentos, fazendo extraordinárias demonstrações de alegria.

Em seguida, clamando “São Tiago!”, investiram com ímpeto contra os mouros, que foram esmagados pelos nossos. Terminada a guerra, os campos ficaram inundados de sangue.

Assinalou-se muito nessa batalha Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador. Conta-se que, quando completou 90 anos de idade, quis comemorar seu aniversário investindo contra os maometanos, que atacavam a cidade onde ele se encontrava, e derrotou-os.

Intervenção de São Bernardo de Claraval

Em 1147, São Bernardo de Claraval, através de mensageiros, informou Dom Afonso que os Cruzados ingleses, alemães, holandeses, não podendo participar da expedição à Jerusalém devido a uma violenta tempestade marítima, poderiam ajudá-lo na guerra contra os maometanos.

Pleno de alegria, o Rei de Portugal fez com que eles, em suas embarcações, se dirigissem à foz do Rio Tejo a fim de fortalecerem os portugueses num ataque à Lisboa, então dominada pelos infiéis.

Perto de 200 navios ali ancoraram e se formou um exército de 30.000 homens, sob o comando supremo de Dom Afonso Henriques. Apavorados, os muçulmanos se renderam, e os estandartes com os desenhos de cinco pequenos escudos, representando as chagas de Cristo, foram alçados nas muralhas da cidade.

Em 1169, devido a um acidente ocorrido numa guerra, o rei ficou impossibilitado de andar, mas continuava a dirigir, com sabedoria, o reino. Faleceu em 6 de dezembro de 1185, em Coimbra, aos 76 anos de idade.[1]

Foi sucedido por seu filho Sancho I que se casou com a filha do Rei de Aragão. De sua numerosa prole, destacaram-se Sancha, Mafalda e Teresa, as quais desde a infância foram modelos de virtude. Tornaram-se religiosas e a Igreja as beatificou. Sua memória é celebrada em 20 de junho.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] Cf. FREITAS DO AMARAL, Diogo. D. Afonso Henriques. 12. ed. Portugal:  Bertrand editora. 2000. 109 p.  BRANDÃO, Antônio. Crônica de D. Afonso Henriques. Porto: Livraria Civilização. 1945. p. 3-28.

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