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A sublime grandeza da Mãe de Deus e nossa

Nossa Senhora foi predestinada desde toda a eternidade para uma missão singular e exclusiva: ser a digna Mãe do Redentor. Maria é Imaculada, suas relações com a Santíssima Trindade são especialíssimas, e seu papel na História da Salvação é capital.

Virgem do apocalipse

Redação (31/12/2021 10:54, Gaudium Press) A Igreja escolhe o primeiro dia do calendário civil para celebrar a Maternidade Divina de Nossa Senhora, a fim de que iniciemos o ano por meio da gloriosa intercessão de Maria.

A coincidência com a Oitava do Natal nos indica que a melhor forma de louvar o Menino Jesus é exaltar as qualidades da Mãe d’Ele e nossa, bem como a melhor forma de elogiar a Mãe é festejar o nascimento de seu Divino Filho.

Elevada acima de toda a criação

Em razão da Maternidade Divina, Maria está tão unida ao mistério da Encarnação do Verbo que, mesmo possuindo natureza estritamente humana, Ela participa, de maneira relativa, do mais alto grau da criação: a ordem hipostática que, de forma absoluta, pertence apenas a Cristo.

Portanto, está Nossa Senhora tão acima de todos os outros planos criados – mineral, vegetal, animal, humano, angélico e o da graça –, que é compreensível certa dificuldade em considerá-La como mera criatura humana favorecida com graças insuperáveis.

Isto nos faz compreender porque, dentre os incontáveis privilégios de Maria – dos quais a abundante coletânea de títulos acumulados pela piedade católica para louvá-La nos dá uma pálida ideia –, o principal é o de ser Mãe de Deus.

Comparados com este, todos os outros são ínfimos! Deus poderia ter escolhido um meio distinto para assumir nossa natureza e estar entre nós, mas Ele quis tomar Nossa Senhora como Mãe.

Para uma pessoa humana é impossível uma prerrogativa superior a esta, e por isso, como ensina São Tomás, Ela Se encontra na categoria das criaturas perfeitas, à qual pertencem apenas duas mais: a humanidade santíssima de Jesus e a visão beatífica. Este privilégio toca na essência mais profunda de Maria e é dele que Lhe defluem os demais.

A obediência de Maria abriu as portas da graça

É evidente que Ela preza muitíssimo este dom, e decerto as palavras são insuficientes para referir as elevadas considerações que Ela teceu a respeito, desde o momento de seu “Fiat!”, quando percebeu por inteiro o que significava para Ela ser Mãe de Deus.

Não obstante, como diz o adágio latino, “nada de grandioso acontece de repente”. Longe de ser um fato súbito que colheu Nossa Senhora de surpresa, o anúncio de São Gabriel foi o auge de um processo, como São Luís Grignion de Montfort tenta descrever:

A divina Maria teve, em quatorze anos de vida, tal crescimento na graça e na sabedoria de Deus, e uma fidelidade tão perfeita ao seu amor, que entusiasmou de admiração não só os Anjos todos, mas ainda o próprio Deus. Sua profunda humildade, levada até o aniquilamento, O encantou; sua pureza toda divina O atraiu; sua fé viva e suas orações frequentes e amorosas O forçaram. A Sabedoria foi amorosamente vencida por tão afetuosas súplicas”.

Porém, qualquer descrição, por mais completa que seja, não passa de um traço dessa realidade, tão rica ela é. Com tal ato de obediência à divina vontade, Maria fez com que o Filho de Deus, eterno, gerado e não criado, Se tornasse Filho de Deus no tempo, gerado e criado quanto à sua natureza humana.

Nossa Senhora proporcionou ao Filho, então, a possibilidade de Se dirigir ao Pai a partir da natureza humana e a alegria de sentir-Se inferior ao Pai, de oferecer-Lhe tudo o que está ao seu alcance, na inteira obediência a Ele.

E o Espírito Santo, que nada podia oferecer ao Pai nem ao Filho – porque, sendo as três Pessoas Divinas substancialmente idênticas desde toda a eternidade, tudo Lhes era comum –, pela obediência de Maria encontrou a possibilidade de Lhes apresentar muitos filhos e irmãos: todos os homens que pela graça do Batismo se tornam, por adoção, filhos do Pai e irmãos de Jesus Cristo.

Missão de Maria Santíssima na eternidade

Portanto, sua submissão radical, dócil e enlevada à vontade do Pai nos dias de vida mortal A fez merecer o mais excelso trono na eternidade e o título de Imperatriz do Universo. Junto a seu Filho Jesus e formando com Ele um só Coração, a Virgem foi estabelecida como eixo da História e, desse modo, dividiu os homens em dois imensos conjuntos: o dos réprobos e o dos Bem-Aventurados.

Com efeito, o Divino Mestre afirmou taxativamente a respeito de Si: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão” (Mt 10, 34-35).E ainda: “Eu vim lançar fogo à terra” (Lc 12, 49).

Qual o significado dessa espada e desse fogo divinos? A espada divisora exprime a separação entre os que são de Cristo e os seus inimigos. O fogo por Ele trazido representa a efusão do Espírito Santo sobre os fiéis, com vistas a que se santifiquem e lutem para se efetivar a súplica do Pai-Nosso: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu”.

Tornar este mundo uma imagem da ordem, da harmonia e da beleza perfeitas que reinam nas moradas eternas, eis a missão dos católicos. Ora, tanto a divisão quanto a santificação, Jesus as realiza com Maria e por meio d’Ela.

Oração para pedir a bondade maternal de Maria

NatalA Jesus, cujo Natal celebramos nesta Oitava, dirigimos nosso olhar cheio de gratidão e imploramos que cheguem à sua plenitude as graças por Ele trazidas ao mundo ao nascer em Belém:

Senhor, Vós quereis reinar sobre a terra de uma forma solene, majestosa e, ao mesmo tempo, maternal. Por isso, Vós entregais o vosso Reino à vossa Mãe Santíssima. Nós Vos pedimos, Senhor, que a misericórdia d’Ela triunfe o quanto antes!

Neste momento, nosso coração se volta a Ela, cheio da certeza de que sua misericórdia e bondade para cada um de nós é superior à de qualquer mãe.

Ela está disposta a nos abraçar, a nos acolher em seu colo e nos proteger, quer seja contra a maldade dos homens, quer seja contra a maldade vinda do inferno.

Enfim, Ela está disposta a fazer de tudo por nós! Senhor, não A retenhais! Deixai que a misericórdia d’Ela nos abrace, pois só assim os horrores do mundo contemporâneo não atingirão nossa alma.

Nós Vos pedimos, Senhor, que Ela desdobre sobre os vossos filhos toda a sua bondade maternal e misericordiosa, para que o reino do afeto, o reino do carinho materno, o reino da bondade insuperável de Maria Santíssima se estabeleça na terra.

E que Ela apareça sorridente na cerimônia de inauguração dessa nova era histórica, dizendo a seus filhos: ‘Por fim, o meu Imaculado Coração triunfou’”.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.193, janeiro 2018.

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