A regra suprema da correção fraterna é o amor, assegura o Papa Francisco
O Pontífice advertiu ainda que devemos nos perguntar o que nos leva a corrigir um irmão ou uma irmã, e se não somos, de alguma forma, corresponsáveis pelo seu erro.
Redação (01/11/2021 09:34, Gaudium Press) Na Audiência Geral, desta quarta-feira, 3 de novembro, realizada na sala Paulo VI do Vaticano, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas.
Explicando sobre o significado de crer em Jesus, o Pontífice diz que é “ir atrás dele no seu caminho, como fizeram os primeiros discípulos. Ao mesmo tempo, significa evitar o caminho oposto, o do egoísmo, da busca do próprio interesse, que o Apóstolo Paulo chama de ‘desejo da carne’”.
Caminhar segundo o Espírito
Francisco ressalta que o guia deste caminho na estrada de Cristo é o Espírito e de acordo com o Apóstolo, caminhar segundo o Espírito significa deixar-se guiar por Ele. “É como dizer: coloquemo-nos na mesma linha e deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo. São expressões que indicam uma ação, um movimento, um dinamismo que nos impede de parar nas primeiras dificuldades, mas nos provoca a confiar na ‘força que vem do alto’”, afirmou.
O Papa garantiu que “percorrendo este caminho, o cristão adquire uma visão positiva da vida. Isso não significa que o mal presente no mundo tenha desaparecido, ou que os impulsos negativos do egoísmo e do orgulho tenham sumido; ao contrário, significa acreditar que Deus é sempre mais forte do que as nossas resistências e maior do que os nossos pecados”.
Pastores que caminham com o povo
Segundo o Santo Padre, o Apóstolo Paulo, apesar de ter certeza de que Cristo vive nele, está convencido de não ter ainda alcançado a meta, o ápice da montanha. Por este motivo, não se coloca acima de sua comunidade, mas caminha com todos, dando exemplo concreto da necessidade de obedecer a Deus, correspondendo cada vez mais e melhor à guia do Espírito.
“Como é bonito encontrar pastores que caminham com o seu povo, que não se distanciam. Pastores que não dizem: ‘Eu sou mais importante, eu sou um pastor. Eu sou um padre’, ‘Eu sou um bispo’, com o nariz empinado, mas pastores que caminham com o povo. Isso é muito bonito e faz bem à alma”, acrescentou o Pontífice.
Correção Fraterna
Ao tratar dos desejos da carne, o Apóstolo alerta que apesar de ser uma tentação fácil recorrer a preceitos rígidos, isso pode fazer com que se saia do caminho da liberdade e, ao invés de subir ao cume, se voltar para baixo. Percorrer o caminho do Espírito exige em primeiro lugar dar espaço à graça e à caridade. Dar espaço à graça de Deus sem medo.
São Paulo exorta aos Gálatas para que assumam as dificuldades uns dos outros e, se alguém cometer um erro, usar a mansidão. “Uma atitude bem diferente da fofoca para esfolar o próximo. Não, isso não é de acordo com o Espírito. Segundo o Espírito, é ter doçura com o irmão em corrigi-lo e cuidar de si mesmo para não cair nesses pecados, ou seja, ter humildade. Como é fácil criticar os outros! Há pessoas que parecem ter se formado em fofoca. Todos os dias criticam os outros”, comentou o Papa.
O Pontífice advertiu ainda que devemos nos perguntar o que nos leva a corrigir um irmão ou uma irmã, e se não somos, de alguma forma, corresponsáveis pelo seu erro. “A regra suprema da correção fraterna é o amor, desejar o bem de nossos irmãos e irmãs, tolerar os problemas dos outros, os defeitos dos outros em silêncio na oração a fim de encontrar o caminho certo para ajudá-lo a se corrigir. Isso não é fácil. A maneira mais fácil é fofocar, tirar a pele do outro como se eu fosse perfeito. Isso não deve ser feito. Mansidão, paciência, oração e proximidade”, concluiu. (EPC)
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