“A Quaresma é uma viagem de regresso a Deus”, assegura Papa Francisco
É o perdão do Pai que sempre nos coloca de pé para continuar a caminhada: e o perdão de Deus, na Confissão, é o primeiro passo da nossa viagem de regresso.
Cidade do Vaticano (17/02/2021, 10:45, Gaudium Press) “Convertei-vos a mim. A Quaresma é uma viagem de regresso a Deus” que “lança um apelo ao nosso coração. Na vida, sempre teremos coisas a fazer e desculpas a apresentar, mas agora é tempo de regressar a Deus”.
Estas palavras foram proferidas pelo Papa Francisco durante a homilia da Missa com o Rito de imposição das Cinzas, presidida pelo Pontífice na manhã desta quarta-feira (17/02), na Basílica de São Pedro, dando início ao tempo da Quaresma.
A Quaresma é uma viagem que envolve toda a nossa vida, um caminho que nos leva de volta à casa
Logo no início da homilia, Francisco falou do que seja para ele a Quaresma e externou para os presentes algumas perguntas que bem poderiam ser tidas como um breve exame de consciência:
“A Quaresma é uma viagem que envolve toda a nossa vida, tudo de nós mesmos. É o tempo para verificar as estradas que estamos percorrendo, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende.”
“A Quaresma não é compor um ramalhete espiritual; é discernir para onde está orientado o coração.
Tentemos saber: Para onde me leva o “navegador” da minha vida, para Deus ou para mim mesmo? Vivo para agradar ao Senhor, ou para ser notado, louvado, preferido? Tenho um coração “dançarino” que dá um passo para a frente e outro para trás, amando ora o Senhor ora o mundo, ou um coração firme em Deus?”
“Sinto-me bem com as minhas hipocrisias ou luto para libertar o coração da simulação e das falsidades que o têm prisioneiro? ”
A viagem da Quaresma é um êxodo, um êxodo da escravidão para a liberdade
Francisco comparou a “Viagem da Quaresma” com o Êxodo do Povo Eleito. Ele aplicou as lições que o Êxodo nos deixou como ensinamentos para a “caminhada” a ser realizada na “viagem da Quaresma”:
“A viagem da Quaresma é um êxodo da escravidão para a liberdade”, sublinhou Francisco:
“São quarenta dias que recordam os quarenta anos em que o povo de Deus caminhou pelo deserto para voltar à terra de origem. Mas, como foi difícil deixar o Egito!
Ao longo do caminho, nos seus lamentos, sempre se sentiam tentados pelas cebolas, tentados a voltar para trás, presos às memórias do passado, a qualquer ídolo.”
O mesmo se passa conosco:
“a viagem de regresso a Deus vê-se dificultada pelos nossos apegos doentios, impedida pelos laços sedutores dos vícios, pelas falsas seguranças do dinheiro e da ostentação, pela lamúria que paralisa. Para caminhar, é preciso desmascarar estas ilusões”.
O que nos faz regressar a Deus não são nossas capacidades ou méritos, mas é sua graça que temos de acolher
É o perdão do Pai que sempre nos coloca de pé: o perdão de Deus, a Confissão, é o primeiro passo da nossa vigem de regresso”, recordou o Pontífice.
“Depois precisamos regressar a Jesus, fazer como aquele leproso curado que voltou para Lhe agradecer. Somos chamados também a regressar ao Espírito Santo. As cinzas na cabeça nos lembram que somos pó e ao pó voltaremos”.
Segundo o Papa, o que nos faz regressar a Deus “não são as nossas capacidades nem os méritos que ostentamos, mas a sua graça que temos de acolher. Disse-o claramente Jesus no Evangelho: o que nos torna justos não é a justiça que praticamos diante dos homens, mas a relação sincera com o Pai. O início do regresso a Deus é reconhecermo-nos necessitados d’Ele, necessitados de misericórdia. O caminho certo é este: o caminho da humildade”.
Coloquemo-nos diante da cruz de Jesus. Ela é a cátedra silenciosa de Deus: suas chagas ensinam e dão rumo a nosso caminhar
Já caminhando para o final de sua homilia, Francisco disse: “Hoje inclinamos a cabeça para receber as cinzas. Quando terminar a Quaresma, nos abaixaremos ainda mais para lavar os pés dos irmãos.”
“A Quaresma –ensinou o Papa– é uma descida humilde dentro de nós e rumo aos outros. É compreender que a salvação não é uma escalada para a glória, mas um abaixamento por amor. É fazer-nos humildes.
Neste caminho, para não perder o rumo, coloquemo-nos diante da cruz de Jesus: é a cátedra silenciosa de Deus. Contemplemos cada dia as suas chagas.”
“Nas suas chagas”, disse o Papa, “reconheçamos o nosso vazio, as nossas faltas, as feridas do pecado, os golpes que nos fizeram sofrer. Vemos ali que Deus não aponta o dedo contra nós, mas nos abre os braços. As suas chagas estão abertas para nós e, por aquelas chagas, fomos curados”.
Nas chagas dolorosas Deus nos espera e convida a regressar a Ele
Nas chagas mais dolorosas da vida, “Deus nos espera com a sua infinita misericórdia. Porque ali, onde somos mais vulneráveis, onde mais nos envergonhamos, Ele veio ao nosso encontro. E agora nos convida a regressar a Ele. (JSG)
(Da Redação Gaduium Press, com Informações e Foto VaticanNews)
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