A pandemia do coronavírus pode levar os católicos a abandonar a frequência à Missa?
Um sinal de alarme e alerta: a pandemia pôs a descoberto e acentuou o abandono da celebração dominical pelos católicos e por parte das novas gerações? ”
Fátima – Portugal ( 09/09/2020, 13:00 – Gaudium Press) O Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, Cardeal Dom Antônio Marto, acaba de lançar uma Carta Pastoral intitulada “A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos”.
A pandemia acentuou a tendência de abandonar a Celebração da Santa Missa?
Na Carta Pastoral que norteará o biênio 2020-2022 na Diocese de Leiria-Fátima, o Cardeal alerta que a pandemia poderia estar acentuando uma tendência nas novas gerações de abandonar a celebração da Santa Missa.
O Purpurado recorda que “o tema da Eucaristia, na sua amplitude, aponta para o essencial da fé cristã: Jesus Cristo que, no Sacramento do Altar, é o coração da Igreja e alimento de vida espiritual para os fiéis”.
Dom Antônio revela que “muitas pessoas ainda estão reticentes em participar na celebração dominical, dominadas pelo medo ou pelo comodismo” e expressa sua “tristeza e preocupação, particularmente com a ausência de pais, crianças e jovens”.
As novas gerações abandonarão a celebração dominical?
A pergunta que o Cardeal faz logo em seguida é se esse não seria “o sinal de alarme e alerta de que a pandemia veio pôr a descoberto e acentuar o que já estava acontecendo, isto é, o abandono da celebração dominical por parte das novas gerações? ”
Na pandemia, o longo confinamento abalou profundamente o espírito dos fiéis
“Nunca tínhamos imaginado ver as igrejas vazias, suspensas as celebrações comunitárias, a catequese e tantas atividades. A impossibilidade de aproximar-se dos sacramentos, de receber a comunhão sacramental, de se encontrar com os irmãos e irmãs em comunidade, de celebrar um funeral religioso digno aos entes queridos falecidos, de viver confinados a Quaresma, a Páscoa e todo o tempo pascal, tudo isto constituiu uma dura provação”, recorda e lamenta o Bispo de Leiria-Fátima.
Fomos levados a fechar muitas igrejas, proibir a Missa com a presença dos fiéis. “O longo período do confinamento abalou profundamente as nossas comunidades”, declara em sua Carta Pastoral o Cardeal Antônio Marto.
Na pandemia: solução precária que pode levar à tentação do comodismo ou da virtualização da Missa
Em sua Carta Pastoral, o Purpurado reconhece que um o confinamento trouxe “provas de criatividade pastoral para alimentar a fé e manter vivo o sentido de comunidade nos fiéis”.
Surgiram oportunidades, como a vivência da “experiência da fé em família e como família, qual pequena Igreja doméstica”; e também “evidenciou a necessidade da personalização da fé”. Houve também o surgimento de transmissões pelos meios de comunicação, permitindo “estar unidos espiritualmente e fazer a comunhão espiritual”. “Porém, sentíamos na pele e no coração que não era a mesma coisa que uma celebração presencial e comunitária”, diz o Cardeal que logo faz uma alerta:
Agora, com o retorno das Missas presenciais é preciso “estar atentos e evitar a grande tentação do comodismo ou da virtualização da Missa, pensando que basta segui-la comodamente em casa. A celebração da fé é incarnada, presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão de irmãos e irmãs”.
A pandemia deixou heranças: falta de encanto e devoção para com a Eucaristia; indiferença, abandono das celebrações dominicais
Dom Antônio Marto observou que se vive atualmente na Igreja “uma situação de ‘emergência eucarística’” não oriunda “de heresias doutrinais como no passado, mas sobretudo pela indiferença e consequente abandono da celebração dominical como se fosse algo meramente opcional ou mesmo um fardo”.
“Constatamos a falta de enlevo, encanto, amor, atração e devoção a este sacramento, uma verdadeira desafeição e até desamor por parte de muitos cristãos que se afastam da celebração”, constatou.
Além da pandemia, o que contribuiu para o abandono da devoção Eucarística?
Segundo o Bispo, contribuem para este abandono “fatores de ordem social, cultural, familiar, próprios do mundo e deste tempo em mudança”.
Entretanto, sublinhou, “as razões mais profundas são o esmorecimento da fé, a ignorância do verdadeiro significado deste sacramento para a vida cristã e também a falta de qualidade de certas celebrações”.
Nesse sentido, o Purpurado indicou que “é fundamental descobrir e aprofundar a riqueza e a beleza do conteúdo e do significado que estão presentes na celebração eucarística e que dão sentido pleno à vida de cada cristão e da Igreja”. (JSG)
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