A imagem que fez São João Bosco exclamar
O esplendor e a grandiosidade da Igreja convidam ao recolhimento e à oração. Acima do altar, artisticamente bem localizada, encontra-se uma valiosa imagem de Maria Auxiliadora.
Redação (24/05/2023 09:34, Gaudium Press) Quem caminha pelas ruas de Buenos Aires, em pouco tempo se sente atraído pelos palacetes, casarões antigos e ruas calçadas em pedra, ornadas por frondosas árvores centenárias, formando um belo conjunto de elevação e bom gosto.
A aprazibilidade do ambiente é acrescida pela incomum tranquilidade que ainda hoje o transeunte encontra caminhando pela cidade.
Um bairro especialmente marcado pela influência salesiana chama a atenção: Almagro. Nele destaca-se a admirável Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, com seu atraente campanário. Seu interior nos fala de um original estilo arquitetônico que convida ao recolhimento e à oração.
Logo à entrada, surpreendemo-nos com o esplendor e a grandiosidade do edifício. Tudo nos leva a esquecermos o dia-a-dia e nos deixarmos pervadir pelo clima sobrenatural que paira no recinto. Instintivamente, nossos olhos se elevam para o ponto monárquico da igreja: acima do altar, encontra-se solene e majestosa a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. A ela se chega por prestigiosa escadaria de mármore que não nos separa, mas aproxima de tão bondosa Senhora.
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Como ela chegou a Buenos Aires? No ano de 1886, o diretor da casa salesiana de Paris encomendou uma imagem de Maria Auxiliadora para ser colocada na capela do Oratório de São Pedro, no bairro Ménilmontant. Uma vez terminada a escultura, esperavam uma visita de Dom Bosco a Paris para benzê-la. Não podendo este viajar à França, seus filhos espirituais a enviaram a Turim.
Conta-se que quando Dom Bosco a viu, exclamou: “É propriamente Ela!” E, segundo alguns, ele teria acrescentado: “Como A vi num sonho quando tinha nove anos”. Essa imagem foi entronizada no Oratório de Ménilmontant, Paris, em 5 de junho de 1886, festa da Santíssima Trindade, onde foi venerada até 1903.
Ocorreu que, a partir de meados do séc. XIX, as relações entre a Igreja e o governo francês foram se deteriorando gravemente. E sob a presidência de Emilio Loubet, a França separou legalmente a Igreja do Estado. Confiscaram-se os bens eclesiásticos, entre eles os templos e as escolas, inclusive a mencionada igreja de São Pedro.
Um devoto, para proteger a imagem de Maria Auxiliadora do vandalismo, escondeu-a em sua casa.
Enquanto esses tristes acontecimentos se passavam, no outro lado do Atlântico, em Buenos Aires, erguia-se um suntuoso e artístico templo para celebrar as bodas de prata das missões salesianas no Novo Continente. Dom Cagliero, primeiro bispo salesiano e iniciador das obras de São João Bosco na América do Sul, abençoara a pedra fundamental.
O arquiteto da futura basílica viajou à França em busca de material para a decoração do templo. Informado da existência da imagem de Nossa Senhora resgatada pelo dedicado fiel, comunicou o fato ao inspetor salesiano em Buenos Aires. Este tomou as providências ante o sucessor de São João Bosco, São Miguel Rua, para conseguir semelhante relíquia. E os trâmites foram bem sucedidos. Em 1904, a bela imagem de Maria Auxiliadora desembarcava em Buenos Aires. E desde então dispensa suas graças e bênçãos a quem d’Ela se aproxima com filial devoção.
Por Claudio Daniel Bareiro.
(Revista Arautos do Evangelho, Jun/2005, n. 42, p. 50-51)
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