A devoção eucarística do Beato Pio IX
Trecho de homilia do Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, sobre o Beato Pio IX.
Redação (07/02/2023 09:15, Gaudium Press) Desde quando era ainda muito jovem, Pio IX distinguia-se por uma vida de piedade profundamente eucarística, ou seja, orientada de modo integral para a pessoa e o mistério de Jesus Cristo, presente na Eucaristia e na vida da Igreja.
“O contato com Jesus Cristo vivo na Eucaristia”, afirma um autor, “é o elemento fulcral da vida interior de Pio IX, de cuja fonte brotaram as suas virtudes, a misteriosa energia divina que o levou ao heroísmo, hoje reconhecido pela Igreja. Duas datas assinalaram o período luminoso da sua interioridade eucarística: a Primeira Comunhão e o 75º aniversário dela, data esta que ele quis celebrar com solenidade extraordinária, somente cinco dias antes de sua partida para a eternidade. A Eucaristia sempre foi o místico refúgio quotidiano do seu espírito, especialmente nos momentos mais difíceis” (Mons. Angelo Menicucci, em “Riparazione Eucaristica”, Loreto, agosto/setembro de 2000).
Piedade eucarística em todas as suas formas
Ele viveu intensamente a piedade eucarística, em todas as suas formas. Em primeiro lugar, na celebração diária da Santa Missa, com um fervor inusitado que deixava vislumbrar toda a sua Fé, na adoração diurna e noturna, na sua capela particular e nas igrejas que encontrava ao longo do seu caminho, quando saía para passear por Roma, assim como na máxima importância que atribuía à solenidade de Corpus Christi, em que participava com o ostensório nas mãos, até mesmo quando era Papa. Pio IX ofereceu uma contribuição singular e dificilmente calculável para a descoberta da presença real de Jesus eucarístico e para a difusão e o reflorescimento da piedade eucarística, que encontrará o seu pleno desenvolvimento nos seus sucessores, sobretudo em São Pio X.
As testemunhas afirmam que, à noite, o Papa Mastai Ferretti descia com freqüência, a pé, do Quirinal para a Praça de São Silvestre, e na igreja do mesmo nome presidia à adoração eucarística, com homilia e a bênção solene; depois, subia a ladeira e voltava para o Quirinal, acompanhado de multidões de crianças que o seguiam como um simples Pároco da Urbe.
Como Papa, encontrava sempre na Eucaristia o seu conforto espiritual quotidiano e a fonte de energia de que tinha necessidade para libertar o Papado dos vínculos temporais e o devolver aos tempos novos com um prestígio renovado.
Também o Papa precisa ficar a sós com Jesus
Certa vez, disse a duas pessoas que tinha introduzido na sua capela particular: “Também o pobre Papa tem necessidade de estar um pouco a sós com Jesus; tenho tantas coisas a dizer-lhe, tantas luzes a pedir-lhe, tantos conselhos e tantas graças!” Depois da adoração, abriu o tabernáculo, mostrou dentro da sua pequena porta um magnífico monograma de Jesus, feito de diamantes, e disse: “Aqui deposito aquilo que possuo de mais belo e precioso: tudo por Ele, que é o grande Senhor e Mestre”. Assumiu os cuidados dessa capela, preocupando-se pessoalmente com a lâmpada do Santíssimo Sacramento.
Outra testemunha recorda que ele se preparava com esmero para a celebração da Eucaristia, a que fazia seguir sempre uma prolongada ação de graças. E o fervor com que celebrava o Sacrifício divino era admirável. De resto, em relação à doutrina jansenista, favoreceu a comunhão frequente, manifestando a sua satisfação aos bispos que a promoviam. Enfim, recomendava profundamente a adoração perpétua, que se ia espalhando nos vários países dos continentes europeu e americano.
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