A Confirmação
O que é a Confirmação? Em que se diferencia do Batismo? É obrigatória aos batizados?
Redação (04/01/2022 12:19, Gaudium Press) Após o Batismo, todo católico nasce para uma vida nova e, por isso, encontra-se em um estado semelhante ao de um bebê, ainda que batizado quando adulto.
Com efeito, está fraco e pequeno, pelo que precisa crescer, robustecer-se e fortificar-se.
E se nascemos com o Batismo; é pela Confirmação que obtemos o crescimento, o robustecimento e a fortificação de que tanto necessitamos.
Contudo, não raras vezes encontramos pessoas que acham supérflua a recepção deste sacramento, pois “parece ser a mesma coisa que o Batismo”, – dizem. Será isso assim?
Confirmando conhecimentos
Qual a diferença entre Batismo e Confirmação?
Quiçá a principal razão, pela qual tal confusão se dê, seja porque, nos primórdios da Igreja, tanto o Batismo quanto a Confirmação eram ministrados conjuntamente num mesmo rito. Isso se dava, pois era desejo de todos os fiéis que fosse o bispo quem ministrasse ambos sacramentos; o que de fato era feito.
Entretanto, com o crescimento do número de igrejas, passou a ser muito difícil que um só bispo pudesse ministrá-los sempre a todos os fiéis. A partir de então, no Ocidente, os padres foram autorizados a ministrar o Batismo, enquanto que reservou-se a Confirmação para, habitualmente, ser ministrada pelo bispo. Nas Igrejas do Oriente, entretanto, ambos os sacramentos foram confiados aos padres, razão pela qual até hoje são realizados num mesmo rito.
Há diferença entre Confirmação e crisma?
Na verdade, a diferença entre a Confirmação e crisma é a seguinte: o crisma é o óleo utilizado pelo ministro para ungir o fiel no momento da Confirmação. Assim, por extensão, alguns chamam ao próprio sacramento de crisma. No Oriente, a Confirmação é chamada de “Crismação”.[1]
O que é propriamente a Confirmação?
Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica: “A Confirmação completa a graça batismal; ela é o sacramento que dá o Espírito Santo para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras.[2] Tal como o Batismo, este sacramento também imprime caráter.
A Confirmação é obrigatória?
Não para a salvação; mas sim para a completa iniciação cristã. Por isso, o Código de Direito Canônico prescreve a todos os fiéis a obrigação de receber este sacramento no devido tempo, sob penar de, não o fazendo por menosprezo ou negligência, pecar gravemente.[3]
Quem pode recebê-la?
“Todo o batizado ainda não confirmado pode e deve receber o sacramento da Confirmação”.[4] “O costume latino, desde há séculos, aponta “a idade da discrição”[5] como ponto de referência para se receber a Confirmação. Em perigo de morte, porém, devem confirmar-se as crianças, mesmo que ainda não tenham atingido a idade da discrição”.[6]
Além disso, “para receber a Confirmação é preciso estar em estado de graça. Convém recorrer ao sacramento da Penitência para ser purificado, em vista do dom do Espírito Santo. E uma oração mais intensa deve preparar para receber com docilidade e disponibilidade a força e as graças do Espírito Santo.[7]
Quem pode ministrá-lo? Como?
O bispo, embora possa conceder esta faculdade a um presbítero se houver real necessidade.[8] Mas, “se um cristão estiver em perigo de morte, qualquer sacerdote pode conferir-lhe a Confirmação”.[9]
No Ocidente, seu rito essencial é a “unção do santo crisma sobre a fronte, feita com a imposição da mão, e por estas palavras: Accipe signaculum doni Spiritus Sancti – Recebe por este sinal o Espírito Santo, o Dom de Deus”.[10]
Os efeitos da Confirmação
Assim afirma o catecismo:
– enraíza-nos mais profundamente na filiação divina, que nos leva a dizer “Abba! Pai!” (Rm 8,15);
– Une-nos mais firmemente a Cristo;
– Aumenta em nós os dons do Espírito Santo;
– Torna mais perfeito o laço que nos une à Igreja;
– Dá-nos uma força especial do Espírito Santo para propagarmos e defendermos a fé, pela palavra e pela ação, como verdadeiras testemunhas de Cristo; para confessarmos com valentia o nome de Cristo, e para nunca nos envergonharmos da Cruz.
Contudo, não é apenas o sacramento da Confirmação que nos robustece. Não nos esqueçamos de que uma criança precisa também se alimentar! Mas este é o papel da Eucaristia, sobre a qual trataremos num próximo artigo.
Por Thiago Resende
[1] CEC 1289.
[2] CEC 1316.
[3] Cf. CIC 890.
[4] CEC 1306.
[5] A palavra “discrição” (discretio), é aqui utilizada no seu sentido teológico, que é bastante diferente do seu uso comum. Significa a capacidade de distinguir claramente o bem do mal, um discernimento. Este sentido confere com o dito na Carta aos Hebreus: “O alimento sólido, porém, é para os perfeitos, para aqueles que, pelo hábito, têm os sentidos exercitados para discenir o bem e o mal (ad discretionem boni ac mali)” (Hb 5,14). Tal capacidade é atingida, segundo São Tomás de Aquino, com o pleno uso da razão, que é aos 12 anos para as meninas e aos 14 para os meninos (cf. Contra retrahentes XII, 8-9).
[6] CEC 1307.
[7] CEC 1310.
[8] CEC 1313.
[9] Idem.
[10] CEC 1300.
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