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A Anunciação do Senhor e os escravos de Maria

A celebração da Solenidade da Anunciação do Senhor, tradicionalmente em 25 de março, coincidiu com a segunda-feira da Semana Santa. Por isso, a festa foi transferida para o dia 8 de abril. O período que Nosso Senhor Jesus Cristo viveu no claustro materno de Maria é motivo de reflexão para todos os fiéis, especialmente para aqueles que se entregaram a Maria como escravos.

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Redação (07/04/2024 16:44, Gaudium Press) Durante nove meses, quis Nosso Senhor Jesus Cristo viver no claustro materno de Maria. Ele, o Homem-Deus, a Quem todas as coisas obedecem, ao Qual nem o Céu nem a Terra podem abarcar, deliberou colocar-Se, enquanto criatura, na mais completa dependência de sua Mãe terrena.

Essa sujeição miraculosa e insondável é motivo de reflexão para todos os fiéis, mas, sobretudo, para aqueles que se entregaram a Maria como escravos, segundo a devoção ensinada por São Luís Grignion de Montfort. Pois essa forma de entrega a Jesus pelas mãos da Santíssima Virgem foi estabelecida pelo célebre missionário francês “para honrar e imitar a dependência à qual o Verbo Encarnado quis Se submeter por amor a nós” (O segredo de Maria, n.63).

Em contraste com essas cogitações, compreende-se melhor quão insensata é a desobediência das criaturas ao Criador, e que consequências terríveis não pode deixar de ter. Hoje, sob a capa de uma pretensa liberdade, que não passa de funesta escravidão ao pecado e às paixões desordenadas, uma multidão de homens se ufana em escolher o caminho da desobediência aos Mandamentos e conselhos do Senhor. E, cabe perguntar, não será essa uma das causas mais profundas da rápida deterioração do mundo atual?

Consagrados a Maria segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort, os escravos de Maria olham para a solenidade da Anunciação como sendo também a festa daqueles que se entregam docilmente a seu Criador por intermédio de Nossa Senhora. E preparam-se para ela renovando sua sujeição a Maria, à imitação do ato de obediência do próprio Deus.

O espírito de humildade da Santíssima Virgem em face desse mistério toma, nessa perspectiva, uma dimensão insondável. Ao Lhe ser anunciado que o Verbo ia Se encarnar n’Ela, sua reação não se manifestou num hino de vanglória, mas em termos humilíssimos: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

Nessa expressão que deu início à Redenção do gênero humano estava incluída, porém, uma perplexidade: “Ele deseja meu consentimento para que se torne realidade esta situação incompreensível: que Eu tenha poder sobre Ele e Ele dependa de Mim em tudo. Por obediência à sua vontade, aceitarei”.

Desse ponto de vista, resplandece de modo especial a atitude de Maria dizendo-Se escrava de Deus no momento em que o próprio Criador queria, por assim dizer, fazer um ato enorme de servidão, de dependência, digamos ousadamente, de escravidão em relação a Ela.

A solenidade da Anunciação é, portanto, uma ocasião para celebrar também o espírito de obediência, o amor à hierarquia, à ordem e a sujeição a Deus e à sua Santa Igreja.

Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho, nº 123, de março de 2012. Editorial.

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