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Saramago chama Igreja Católica de reacionária

Roma (Quinta, 15-10-2009, Gaudium Press) O escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1988, acusou o Papa Bento XVI de possuir um “cinismo intelectual” e afirmou ainda que a “insolência reacionária” da Igreja deve ser “combatida” com a “insolência da inteligência viva”. As declarações foram publicadas ontem (14), pelo recém-criado jornal italiano Il Fatto Quotidiano.

“Que Ratzinger tenha o valor de invocar a Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, a um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar café, mostra somente o absoluto cinismo intelectual do personagem”, disse o escritor.

Saramago encontra-se na capital italiana para divulgar o livro “O Caderno”, uma coletânea de textos do seu blog e também para se reunir com amigos italianos, como a vencedora do Nobel de Medicina em 1986, Rita Levi Montalcini.

“As insolências reacionárias da Igreja Católica”, continuou o escritor, “precisam ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder”, atacou o português.

Por causa de declarações com esse tom, o escritor e jornalista espanhol César Vidal questionou em sua coluna no jornal La Razón, se Saramago – que acusa a inquisição de numerosíssimas mortes – havia entoado um “mea culpa” por seu apoio ao comunismo que varreu milhões de vidas no século passado.

“O que a Igreja Católica tem a ver comigo? Eu não tenho nada que ver com ela, então me deixe em paz”, declarou Saramago anos atrás. Entretanto, na opinião de muitos, o escritor português é um obcecado pelo tema religioso.

Em seu livro Levantado do chão (1980), o escritor acusa a Igreja de ser cúmplice e beneficiária da opressão de governos autoritários em Portugal. Em Memorial do Convento (1982) a história inicia com a construção de um convento por um rei que empregou 50 mil homens, em cumprimento de uma promessa religiosa, tendo como pano de fundo os relatos terríveis da Inquisição.

Já em 1991 publicou O Evangelho segundo Jesus Cristo, sua versão romanceada das Sagradas Escrituras. Em seu novo livro, Caim, Saramago desculpa o protagonista do assassinato de Abel e aponta Deus como o culpado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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