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Dois jesuítas criticam a “teologia da prosperidade”, na revista “La Civiltà Cattolica”

Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 19-07-2018, Gaudium Press) Dois sacerdotes jesuítas, padre Antônio Spadaro e padre Marcelo Figueroa, na revista da Companhia de Jesus “La Civiltà Cattolica” que deve circular no próximo sábado, 21, abordam um assunto a propósito do qual o Papa tem tratado com frequência apontando seus perigos: a “teologia da prosperidade”.

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Vida Próspera

A ‘teologia da prosperidade” é uma corrente neopentecostal protestante que se difundiu a partir dos Estados Unidos, país em que nasceu, e que espalhou-se também para outros continentes.

Esta “teologia” tem suas raízes na convicção de que “Deus quer que seus fiéis tenham uma vida próspera, isto é, que sejam ricos do ponto de vista econômico, sadios do ponto de vista físico e individualmente felizes”.

E os dois jesuítas descrevem esse fenômeno observando que “Esse tipo de cristianismo coloca o bem-estar do crente no centro da oração, e faz de seu Criador aquele que realiza os pensamentos e desejos do fiel”.

Perigo: Deus é um poder a nosso serviço

Evidentemente que essa corrente coloca o homem no centro do Universo através de um “antropocentrismo religioso” que resvala para o grande risco de “transformar Deus num poder a nosso serviço” fazendo referência “ao chamado American dream” (sonho americano), identificando-se com uma sua interpretação redutiva.

Dentro deste quadro de ideias e conceitos não existe lugar para a solidariedade. Traduzindo esse pensamento, ele quer dizer que: a pobreza é sinal de falta de fé e, em todo caso, é uma “culpa” do fiel.

Pelagianismo e gnosticismo

A visão da fé proposta pela “teologia da prosperidade” coloca-se “em clara contradição com a concepção de uma humanidade marcada pelo pecado e com a expectativa de uma salvação escatológica, ligada a Jesus Cristo” encarnando “uma forma peculiar de pelagianismo” e que também expressa “uma outra heresia do nosso tempo, ou seja, o gnosticismo”.

Segundo afirmam os dois padres jesuítas, desde o início de seu Pontificado, Francisco tem colocado sua atenção sobre essa espécie de “Evangelho diferente” e “criticando-o, aplicou a clássica doutrina social da Igreja. Reiteradas vezes o evocou para evidenciar seus perigos”.

Padre Antônio Spadaro e padre Marcelo Figueroa afirmam que a primeira vez em que o Papa tratou desse tema foi no Brasil, em 28 de julho de 2013, dirigindo-se aos bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).

Mais adiante, os jesuítas afirmam que o Papa trata desse tema, falando aos bispos da Coreia, nas homilias na Casa Santa Marta, no Vaticano, e até as advertências sobre o pelagianismo e gnosticismo contidas na Exortação apostólica “Gaudete et exsultate” (Alegrai-vos e exultai) que trata do chamado à santidade no mundo contemporâneo. (JSG)

 

 

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