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A vida de piedade, enriquecida pela contemplação da beleza

Redação (Quinta-feira, 30-11-2017, Gaudium Press) Na linguagem corrente se chama piedade a virtude encarregada de estabelecer o bom relacionamento com Deus, o culto que lhe é devido. Esta virtude tecnicamente é melhor chamada de religião. Diz a Enciclopédia Católica que estamos obrigados por esta virtude a render culto a Deus dirigindo-lhe sentimentos de “adoração, louvor, ação de graças, lealdade e amor”, que se devem transformar em atos de adoração, oração, sacrifícios, votos, oblação, entre outros.

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A virtude da religião portanto, nos impele a acudir à Eucaristia, como ato supremo de culto que é, e a viver em espírito de oração e adoração, rendendo ao Criador o tributo que lhe é devido por justiça.

Como uma grandíssima contribuição à piedade, Plinio Corrêa de Oliveira falava do que chamaríamos de piedade do pulchrum, da beleza.

Diz Santo Tomás que a criação para ser um reflexo perfeito de Deus deveria ser desigual, abundantemente desigual para refletir as infinitas perfeições de Deus, e assim de fato o é. Inclusive dentro de cada espécie a desigualdade é abundante, nem se diga isso dentro da espécie humana, até chegar à grande desigualdade angélica, na qual cada anjo é uma espécie distinta do outro.

Mas a desigualdade implica hierarquia, superioridade de uns seres sobre outros.

Doutor Plinio dizia que a criatura humana que contempla essas desigualdades deve observar nelas os reflexos magníficos de Deus. Quando vê uma borboleta mais bela que outra deve ver na mais bela um melhor reflexo de Deus que na anterior. Igualmente quando contempla as desigualdades entre os homens.

Assim, a observação das desigualdades -hierárquicas, mas também harmônicas pois formam um conjunto- deveria ser para o homem um encanto, um deleite, pois nos estão mostrando aspectos diversos de Deus.

Doutor Plinio afirmava que as desigualdades são como uma montanha em cujas ladeiras cada pedra um pouco mais alta é uma imagem de Deus para a pedra mais baixa. E que nossa ascensão espiritual, quer dizer nossa via de piedade, deveria ser subir na contemplação amorosa e entusiasmada de pedra em pedra, amando cada vez mais a pedra mais alta, mais alta e ainda mais alta.

Desta maneira, a criação desigual deve ser vista como uma escadaria que nos leva a Deus, cuja contemplação nos aproxima do Criador.

Se nos entusiasmamos com uma pedra vermelha, mais entusiasmo devemos ter com um rubi. Se nos entusiasmamos com um rubi, devemos ter mais entusiasmo com o melhor dos rubis, esse de vermelho profundo com o melhor dos cortes. E assim com todos os seres, pois a pedra mais alta é um maior reflexo de Deus que merece ser mais amado por ser maior.

E quando já tenhamos conhecido todas as perfeições do universo criado, se acaba a ascensão? Não, nesse momento segue a contemplação dos “possíveis de Deus”, a contemplação desse rubi maravilhoso inexistente na terra mas existente na mente divina, ao qual podemos chegar com nossa imaginação auxiliada pela graça, um rubi por exemplo de um vermelho arquetípico, de um tamanho perfeito, de um corte sem igual.

E quando se realiza esse exercício, aí aparece por exemplo a humildade, pois humildade é verdade, como dizia Santa Teresa, e contemplando a ordem do universo sabemos que não somos senão o que somos, nem mais nem menos.

E aparece, por exemplo, a inocência, pois quem contempla as perfeições da ordem do universo, se dá conta que essa ordem é magnífica, e que não pode ser quebrada ainda que a isso nos movam as más inclinações.

E aparece também a caridade, pois Deus refletido na ordem do universo merece ser amadíssimo… e assim por diante.

Por Saúl Castiblanco

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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