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Bento XVI diz a acadêmicos de Praga que o serviço da verdade não é contrário ao dá fé

Praga (Domingo, 27-09-2009, Gaudium Press) Como um professor “atento ao direito da liberdade acadêmica e à responsabilidade pelo uso autêntico da razão” e pontífice-pastor “reconhecido como voz de destaque para a reflexão ética da humildade”, neste domingo o Papa Bento XVI encontrou o mundo acadêmico tcheco no salão de Vladislav,
no Castelo de Praga.

A capital da República Tcheca, com a sua famosa e antiga Universidade de Carlo, instruída pelo Papa Clemente VI em 1347, é um símbolo das tradições acadêmicas na Europa Central, parte do continente, segundo o Papa, com uma cultura desde o início construída sob fundamentos cristãos.

O Santo Padre foi primeiro saudado, em alemão, por um estudante que agradeceu a contribuição do trabalho e o seu ensinamento ao pensamento acadêmico. Em seguida, o reitor da universidade, professor Václav Hampl, cumprimentou Bento XVI sublinhando a longa tradição das relações entre a Igreja e a Universidade na República Tcheca.

No salão do Castelo de Praga, estavam presentes os magníficos reitores de algumas das principais universidades do país, uma representações dos docentes e dos estudantes, bem como expoentes de instituições culturais do estado e da Igreja Católica. Participou também do encontro o presidente da República, Václav Klaus.

Ao começar seu discurso, Bento XVI disse que aquele momento para ele era “uma grata oportunidade de manifestar a minha estima pelo papel indispensável que as universidades e os institutos de estudos acadêmicos desenvolvem na sociedade”. A missão das universidades é sustentar os valores culturais e espirituais da sociedade e “enriquecer o patrimônio intelectual da nação e de fortificar os fundamentos do seu futuro desenvolvimento”.

O pontífice recordou que o que une a Igreja e o mundo acadêmico é a pesquisa da verdade na liberdade. E isto também “exprime uma dimensão própria do Cristianismo, que não por acaso levou ao nascimento da universidade”.
O pontífice define a verdade como “a sede de conhecimento do homem” que induz à “ampliação do conceito de razão e ao ‘beber água’ na fonte da fé”. Lembrou que a “rica hereditariedade da sabedoria clássica” é levada por missionários cristãos que tinham construído “a base de uma unidade espiritual e cultural” no país.

Segundo o Papa a autonomia de uma universidade se realiza na capacidade de se render responsável diante da verdade. Ele recorda que na história da República Tcheca isso se realizou de diversos modos. “Primeiro na grande tradição formativa, aberta ao transcendente, que está na origem das universidades em toda a Europa, durante o período comunista sistematicamente subvertidas pela reducionista ideologia do materialismo, pela repressão da religião e pela opressão do espírito humano”. As mudanças levaram à queda do sistema iniciada em 1989 com a “revolução de veludo”.

O trabalho da universidade, diz o Papa, é, em primeiro lugar, “a responsabilidade de iluminar as mentes e os corações dos jovens de hoje” e servir à humanidade. Esta missão deve ser realizada na procura da verdade, “deve ser recuperada a ideia de uma formação integral, baseada na unidade do conhecimento radical na verdade”.
Bento XVI retornou também à questão do relativismo. “O relativismo que deriva um camuflamento, atrás do qual podem se esconder novas ameaças à autonomia das instituições acadêmicas.”

Citando sua última encíclica, “Caritas in Veritate”, Bento XVI disse que a “fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade que, sozinha, é garantia de liberdade” (Caritas in veritate, 9). “Esta confiança na capacidade humana de procurar a verdade, de encontrar a verdade e de viver segundo a verdade levou à fundação das grandes universidades europeias”.

As palavras do Santo Padre foram recebidas com um longo aplauso. Estudantes universitários de Praga escreveram uma carta ao Santo Padre, na qual exprimiram suas alegrias e gratidão pela visita do pontífice. A carta foi entregue ao Papa pela nunciatura apostólica de Praga. Paradoxalmente, ainda que a República Tcheca seja considerada um dos países mais ateístas da Europa, o ensinamento de Bento XVI é muito conhecido e valorizado pelos estudiosos.

Na saída do encontro, Bento XVI foi acompanhado pelo reitor e pelo presidente da República, enquanto um coro entoava uma canção medieval universitária, “Gaudeamus igitur”.

A Universidade Carlo de Praga foi fundada em 1348 pelo imperador Carlos IV e é o ateneu mais antigo da Europa central. A universidade teve, desde o seu início, grande importância cultural e na formação de uma consciência nacional tcheca. Hoje, compreende 17 faculdades e seis institutos superiores de formação e pesquisa. Passam de 42 mil os estudantes matriculados nos seus vários cursos.

 

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