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“Há a necessidade de uma reforma política profunda”, diz presidente da CNBB

Brasília (Sexta, 25-09-2009, Gaudium Press) Terminou ontem, em Brasília, a reunião ordinária do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) da CNBB que teve início na última terça, dia 22. A crise do Estado brasileiro, reforma política, liberação dos bingos e o assassinato do Pe. Ruggero Ruvoletto foram alguns dos assuntos tratados com os jornalistas durante a coletiva concedida ontem à tarde.

Para o presidente da CNBB e arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, a crise de Estado é mundial e não constitui um “privilégio” do país. “Percebemos aqui no Brasil a intromissão dos poderes em que um entra no assunto do outro. Isso causa um mal estar na relação social entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, e nós, cidadãos, ficamos expostos a tudo isso. Por isso há necessidade de uma reforma política profunda”, afirmou.

Sobre a crise no senado, Dom Geraldo ressaltou que não é competência da Igreja fazer julgamentos das pessoas por conta de fatos isolados. “Os fatos que vêm à tona não nos dão base para dizermos quem está certo ou errado”, observou.

A mesma opinião tem o secretário geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Dimas Lara Barbosa, que afirmou que a crise do Senado é apenas o “pano de fundo” para a urgência de uma reforma política. “Não apenas política, mas, se possível, de todos os setores sociais para crescermos consolidados e fortes como nação”.

A CNBB, após a discussão do Conselho Pastoral, constituiu um grupo de trabalho, formado por bispos e assessores, para elaborar um documento a respeito do assunto. “O documento terá como objetivo mostrar que a Igreja está atenta ao que acontece na política do nosso país e levar ao cidadão a nossa preocupação”, afirmou Dom Dimas.

Liberação dos bingos
A presidência da CNBB reafirmou a preocupação da Igreja com o projeto que libera os bingos eletrônicos e outros jogos de azar, observando que tais jogos são campos férteis para a proliferação de crimes diversos. “Isto é um retrocesso. A legalização dos bingos é um retorno a um mal já superado e coloca em risco para a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas”, disse Dom Geraldo.

O projeto, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), segue para o plenário da Câmara e depois para o Senado.

Dom Geraldo disse ser um “sofisma” a argumentação de que a liberação dos bingos deve aumentar os empregos no país. “Os defensores do projeto dizem que serão abertos 300 mil novos postos de emprego. Essa justificativa é um sofisma. Não é porque que se estimula emprego que se vai estimular o crime. O tráfico dá emprego para muita gente, nem por isso vamos estimular o tráfico”, afirmou.

Divórcio facilitado
Com relação a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que possibilita o divórcio após separação judicial por mais de um ano, o presidente da CNBB ressaltou a posição da CNBB expressa em nota divulgada ontem: “A Igreja não é a favor do divórcio em contexto nenhum, mas percebe que esta facilitação torna tão rápida a possibilidade de concretizar o divórcio que o casal não tem tempo suficiente para perceber as conseqüências de sua decisão. Esta facilitação não é saudável para a situação do casal, dos filhos e da instituição familiar”, disse.

Para Dom Dimas, a Igreja deve reforçar o trabalho de evangelização da família se desdobrando para propagar ainda mais os valores da família cristã. “Isso (facilitação do divórcio) nos alerta que não podemos ficar apenas no plano jurídico ou na discussão parlamentar, mas devemos nos desdobrar no anúncio dos valores da família cristã, valorizando ainda mais a Pastoral Familiar”, observou.

Ficha Limpa
A respeito da conquista do total de assinaturas arrecadadas pela Campanha Ficha Limpa, que propõe o Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a vida pregressa dos candidatos, a CNBB afirmou estar orgulhosa com a conquista. De acordo com o secretário-geral da CNBB, a Igreja participou de forma cidadã da Campanha para que, nas próximas eleições, políticos com a ficha suja permaneçam fora do pleito eleitoral.

As assinaturas serão entregues ao presidente da Câmara, deputado Michel Temer, na terça-feira, 29, às 11h30, dia em que a primeira lei de iniciativa popular, a 9.840, completa 10 anos. Diversos parlamentares já manifestaram apoio ao Projeto.

Assassinato em Manaus
O vice-presidente da CNBB e arcebispo de Manaus (AM), Dom Luiz Soares Vieira, disse aos jornalistas durante a coletiva ter recebido uma carta de Bento XVI na qual o pontífice expressa sua dor e indignação pelo assassinato do Pe. italiano Ruggero Ruvoletto, que trabalhava há dois anos em sua arquidiocese, em Manaus.

O arcebispo explicou que a região onde morava o padre assassinado é violenta e citou outros crimes bárbaros ocorrido no bairro. O Papa classificou o crime do padre na carta enviada como um “crime vil e bárbaro”. Para Dom Geraldo Lyrio, o assassinato do Pe. Ruvoletto envergonha o Brasil. “Este crime nos envergonha e nos humilha. Temos que lutar a favor da vida”, disse.

 

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