Bispo de Bariloche se irrita com cálculo do governo que aponta redução da pobreza na Argentina
Buenos Aires (Quinta, 24-09-2009, Gaudium Press) “É escandaloso, ou pelo menos irritante, dizer que a pobreza diminuiu no país quando a constatação do cotidiano mostra exatamente o contrário”, disse ontem dom Fernando Maletti, bispo de Bariloche e membro da comissão episcopal de Ajuda às Regiões Mais Necessitadas, sobre o informe publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (INDEC), que aponta uma expressiva queda da pobreza e da indigência no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. A afirmação foi divulgada pelo jornal Clarín.
Estudo feito pelo órgão oficial do governo do país mostra que a pobreza caiu 13,9%, e a indigência, 4%, e também aponta uma redução de 1,5 milhão de pobres na comparação entre este ano e o anterior.
O diretor do Observatório Social da Universidade Católica Argentina (UCA), Agustín Salvia, disse que é ‘tecnicamente impossível’ esta redução da pobreza e da indigência entre janeiro e junho, ainda segundo o Clarín.
Salvia diz não entender porque o governo se apoia nestas estatísticas. “Nos levam a discutir cifras e não políticas para resolver a pobreza e a indigência, que é o que importa”. O executivo da UCA disse também que a universidade mediu a pobreza no segundo semestre do ano passado e concluiu que 33% da população era pobre, mas o número é uma projeção, ‘não um dado’, levando os pesquisadores a crer que o índice de pobreza neste primeiro semestre do ano esteja em 39%, ou seja, ‘quase o triplo do reportado pelo INDEC’.
Para o bispo de Bariloche, existe uma “situação grave e séria, porque a cada dia aumenta mais a distância entre as necessidades e os recursos”. O prelado também disse, ainda de acordo com o jornal, estar ‘surpreso’ de que a Patagônia, segundo o INDEC, seja a zona menos afetada pela pobreza no país – índice de apenas 9,3%. “Esta cifra não condiz com a realidade de pobreza e inequidade que encaramos diariamente”.
Segundo a imprensa argentina, as cifras oficiais sobre pobreza e indigência contradizem dados da Igreja, de consultorias privadas e até de estimativas do próprio ex-presidente e marido da presidente da República, Néstor Kirchner, que recentemente apresentou um índice de pobreza no país em torno de 25%.
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