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“Legalização dos bingos coloca em risco segurança e bem estar das famílias”, afirma a CNBB

Brasília (Quinta, 24-09-2009, Gaudium Press) O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Consep da CNBB) divulgou hoje, ao final de sua reunião ordinária em Brasília, uma nota manifestando”preocupação com a preservação dos valores éticos e morais no país” e mostrou-se apreensivo com a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) do projeto que libera bingos e outros jogos de azar, assim como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que possibilita o divórcio após separação judicial por mais de um ano – atualmente, de um ano no caso judicial e dois anos na separação real.

Segundo a CNBB, “a legalização dos bingos eletrônicos e outros jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes”. Esta prática, segundo os bispos, abre “um novo campo para a prática de diversos crimes”, como o de lavagem de dinheiro.

Quanto à emenda constitucional que aprova o divórcio sem separação prévia, a nota esclarece que “acentua a gravidade de uma legislação em si lamentável”. Essa proposta da “separação de forma apressada significa a banalização do instituto do matrimônio, com graves e dolorosas consequências para a sociedade”.

A nota, assinada pelo presidente da CNBB e arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, pelo vice-presidente e arcebispo de Manaus (AM), dom Luiz Soares Vieira, e pelo secretário-geral e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Dimas Lara Barbosa, conclui que, se transformadas em lei as duas propostas, elas devem trazer “sérias consequências à sociedade brasileira”.

Nota da CNBB

“Nós vos exortamos, no Senhor Jesus, que progridais sempre no modo de proceder para agradar a Deus”. (1Ts 4,1ª)
Os bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, reunidos em Brasília, preocupados com a preservação dos valores éticos e morais em nosso País, sem os quais não apenas as famílias, mas o próprio Estado se fragilizam, manifestam sua apreensão diante da aprovação em instâncias diversas da Câmara dos Deputados de duas propostas legislativas que, efetivadas, trarão sérias conseqüências para a sociedade brasileira.

A legalização dos bingos eletrônicos e outros jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes. Mais grave ainda, como foi acentuado durante as discussões no Parlamento, abre-se um novo campo para a prática de diversos crimes, entre estes a lavagem de dinheiro. A alegação de que a abertura de casas de jogos possibilitaria a criação de cerca de 300.000 empregos não legítima a prática nociva desses jogos. Nos últimos anos, tem crescido a oferta de postos de trabalho no País, sem opções que promovam a degradação moral, como bingos eletrônicos e jogos de azar.

De outra parte, a alteração do parágrafo 6º do artigo 226 da Constituição Federal, que possibilita a dissolução do casamento pelo divórcio “após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos”, acentua a gravidade de uma legislação em si lamentável. O tempo previsto pela Constituição, na forma atual, pelo menos possibilita aos cônjuges em dificuldade um tempo maior para reflexão sobre as conseqüências da separação para eles próprios, seus filhos e a sociedade. A proposta da separação de forma apressada, sem que seja dado tempo para essa reflexão e a ajuda de amigos, familiares e orientadores em defesa do vínculo que os une significa a banalização do instituto do matrimônio, com graves e dolorosas conseqüências para toda a sociedade.

Como essas duas proposições ainda dependem de novos passos no processo legislativo, os bispos exortam os representantes do Povo a uma profunda reflexão sobre as mesmas, ao tempo em que manifestam seu apoio aos parlamentares que vêm se empenhando contra elas. Pedem, ainda, a todas as pessoas de boa vontade, particularmente às lideranças cristãs, que manifestem a seus representantes parlamentares seu desacordo, solicitando-lhes explícito posicionamento contrário.

Brasília, 24 de setembro de 2009

 

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