Bispos da Bolívia emitem forte declaração contra o narcotráfico
La Paz – Bolívia (Quarta-feira, 27-04-2016, Gaudium Press) Os Bispos da Bolívia, “urgidos pelo amor de Cristo que sempre nos impulsiona a trabalhar pela vida e a dignidade humana”, emitiram recentemente uma Carta Pastoral na qual denunciaram os graves males das drogas e do narcotráfico, a qual motivou novas críticas por parte das autoridades locais e do Presidente do país. Apesar da resposta negativa do governo, a posição dos Bispos persiste em sua denúncia das realidades de “violência, corrupção, engano, injustiças e morte” ligada ao tráfico de drogas.
A Carta Pastoral adverte que o vício em drogas “tem implicações existenciais, pessoais e sociais que afetam o sentido da vida e prejudicam a própria dignidade humana das pessoas vítimas deste mal e seu ambiente” e qualificou o narcotráfico como “um crime contra a humanidade que fere a pessoa, gera violência, morte e desintegração familiar, e desestrutura a sociedade, distorce a economia e gera a cultura da ilegalidade e da corrupção”.
Os prelados assinalam a relação do mal das drogas com “a situação de pessimismo, o sem sentido da vida e a cegueira para captar os valores transcendentais em nossa sociedade”, para a qual a solução se encontra na “alegria da Boa Nova” que ainda não pode ter sido semeada nos corações. A difícil realidade não pode ter como resposta à claudicação. “Se diante dos problemas sociais tão devastadores como as drogas e o narcotráfico somente temos uma resignação claudicante como reação, é como se já tivéssemos nos rendido à nossa própria destruição”, advertiram os Bispos.
Os prelados reconheceram a neutralidade moral da planta de coca e do uso medicinal tradicional próprio da cultura boliviana ancestral, mas aclamaram que “quem se dedica a cultivá-la para a produção da cocaína é parte da cadeia do narcotráfico e tem uma responsabilidade ética e penal ineludível”. Além disso, este mal tem graves consequências espirituais: “O narcotráfico é um grave pecado… é uma rebelião contra Deus enquanto idolatra o poder e a riqueza; é um crime contra a humanidade enquanto escraviza a outros seres humanos percorrendo inclusive a violência e a morte, e atenta contra a criação pela destruição e desolação que deixa a sua passagem. O narcotráfico é pecado porque rejeita o amor de Deus”.
Os Bispos renovaram seu compromisso na prevenção, atenção aos viciados e aos reclusos e na promoção de uma vida vivida de maneira digna, e solicitaram às autoridades o cumprimento de seu dever, “com apego pleno às normas, com consciência moral, valentia, firmeza e equanimidade” e resistir à tentação de corrupção que “torna vã e estéril a luta contra o narcotráfico”. “Encomendamos esta árdua e comum tarefa à proteção da Virgem Maria, nossa Mãe, para que interceda diante do Deus da vida e da misericórdia e acompanhe a nosso país nesta luta difícil contra estas manifestações do mal”, concluíram. (GPE/EPC)
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