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Papa oscula mãos de sacerdote preso 28 anos pelo regime comunista

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 20/04/2016, Gaudium Press) – “Por 11 mil dias Padre Ernest foi submetido a torturas e trabalhos forçados”, conta ao L’Osservatore Romano, Mimmo Muolo, jornalista do “Avvenire”, que escreveu o livro “Padre Ernest Simoni. Da perseguição ao encontro com Francisco”.

Com um beijo na mão o Papa Francisco recebeu na manhã de hoje, 20/04, na Praça São Pedro, o sacerdote albanês Padre Ernest Simoni, que passou 28 anos na prisão durante a perseguição comunista na Albânia.

O Santo Padre já o havia abraçado comovido em 21 de setembro, em Tirana, após ter ouvido a história da sua perseguição. O sacerdote entregou hoje uma cópia do livro ao Papa.

Ele estava acompanhado pela Ir. Marisa, representante das Edições Paulinas, responsável pela publicação da obra.

Natal de 1963: A prisão

“A minha perseguição, disse Padre Simoni ao L’Osservatore Romano, teve início na noite do Natal de 1963 quando, pelo simples fato de ser sacerdote, fui preso e colocado na cela de isolamento, torturado e condenado à morte”.

Seu companheiro de cela recebeu a ordem de registrar “a previsível raiva” do sacerdote contra o regime, mas Padre Ernest pronunciou somente palavras de perdão e de oração aos seus algozes.

A pena prescrita foi de 25 anos de trabalhos forçados, a ser cumprida nas minas e nos esgotos de Scutari.

“Na prisão – recorda ele – celebrei a missa em latim de cor e também distribuí a comunhão”.

Liberdade e Oração

Padre Ernest foi libertado em 5 de setembro de 1990. E ele logo recomeçou sua atividade pastoral que, segundo ele, nunca havia interrompido, “mas somente vivido em um contexto especial”.

O seu primeiro ato foi o de confirmar o perdão aos seus algozes: “para eles invoco constantemente a misericórdia do Pai”.

Como pode resistir a tamanha perseguição sem curvar-se? A resposta de Padre Ernest foi um sorriso espontâneo, antes de revelar seu segredo:

“Mas eu não fiz nada de extraordinário, sempre rezei a Jesus, sempre falei de Jesus”.

Tema da Perseguição em mais livros

O L’Osservatore Romano dedica uma página inteira ao tema das perseguições contra a Igreja na época do regime comunista na União Soviética.

Em 21 de abril, às 17h30min, será apresentado o livro organizado por Jan Mikrut “A Igreja e o comunismo na Europa Centro-oriental e na União Soviética” (San Pietro in Cariano, Gabrielli Editori, 2016, 797 páginas, 48 euros).

Entre as pessoas que se pronunciam no livro estão o Cardeal Miloslav Vkl, Arcebispo Emérito de Praga, que assinou o Prefácio; Dom Cyril Vasil, Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais; o historiador jesuíta Nuno da Silva Gonçalves e o curador da obra, de quem são publicados trechos da apresentação.

O projeto editorial prevê outros dois livros que analisarão “a refinada e multiforme batalha dos comunistas contra a religião em geral e, de modo particular, contra a Igreja Católica”. Em particular, o segundo volume será dedicado aos testemunhos dos cristãos na Europa Centro-oriental, enquanto o terceiro tratará inteiramente da Igreja Católica em território da União Soviética. (JSG)

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