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Seminarista chinês retorna à sua pátria: não teme o risco de ser preso

Madri – Espanha (Segunda-feira, 18-04-2016, Gaudium Press) Uma comovedora entrevista a Pedro Zheng, um seminarista chinês cuja verdadeira identidade está reservada por sua segurança, foi publicada pela revista espanhola Alfa e Ômega. Nela, o aspirante ao sacerdócio fala de seu retorno a China onde deve enfrentar os riscos e limitações próprias de um membro da Igreja “subterrânea”, não reconhecida pelo Estado por causa de sua fidelidade à Santa Sé.Seminarista chinês retorna à sua pátria não teme o risco de ser preso.jpg

“Quero voltar ao meu país, a minha diocese. Sei que pode haver perigos, mas não tenho medo”, afirmou o seminarista de 28 anos. “Não tenho nenhum plano, não tenho futuro. Se Deus quiser irei a uma paróquia, mas também sei que posso acabar no cárcere”. A comunidade subterrânea padece com frequência detenções de sacerdotes e inclusive Bispos, como foi denunciado reiteradamente pela Diocese de Hong Kong, que goza de maior liberdade religiosa graças a autonomia da região e que foi apresentado detalhados relatórios das mais graves violações à liberdade religiosa no país.

“Sei que vou sofrer”

Para Zheng, voltar a um território tão difícil é fruto de uma consciência profunda de sua missão. “Se quero ser sacerdote na China, servir aos meus católicos, à Igreja da China, sei que vou sofrer. Da mesma forma que sofreu Cristo. Mas com Maria e meu rosário não tenho medo”, indicou, ao mesmo tempo que referiu que se inspira frequentemente na frase de São João Paulo II: “Não tenhais medo”.

No entanto, esta disposição não é nova em Zheng e sua família: “Fui batizado por minha avó em segredo. Sempre estávamos escondidos. De minha família aprendi a rezar as Ave Marias do rosário”, relatou. “Somente uma vez por ano vinha um sacerdote que, por segurança, tinha que se alojar na casa de uma família. Sabíamos que esse único dia teríamos a possibilidade de receber a Comunhão”.

Neste ambiente, o seminarista teve que superar duras provas em sua vocação. Durante anos se formou na clandestinidade, passando temporadas de meses alojados em casas de famílias sem poder sair à rua e viajando à noite para não ser identificados. Segundo relatou, os seminários da China são secretos e difíceis. “Vivemos juntos em uma casa não maior que 20 metros quadrados, seis ou oito jovens”, descreveu. “Nesse espaço dormimos, comemos, nos asseamos, cozinhamos, estudamos, fazemos esporte, rezamos juntos… Temos que ter muito cuidado para não ser descobertos. Nosso Bispo, enquanto pode, nos manda à Europa para formar-nos”.

Zhen descreveu ao seu Bispo, Dom Andrés Hao, falecido aos 90 anos de idade e quem passou mais de 25 anos na prisão por sua Fé, como “um verdadeiro santo”. “Ele nos pediu para que rezássemos pela Igreja e que não esquecêssemos que ali nos esperam”, concluiu. (GPE/EPC)

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