Primaz do Brasil menciona exemplo do Papa João Paulo I em seu novo artigo
Salvador – Bahia (Terça-feira, 12-01-2016, Gaudium Press) Em seu mais recente artigo, intitulado “Se você governa, seja prudente”, o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, destacou o período em que João Paulo I assumiu o governou a Igreja Católica. Na época, o Pontífice faleceu após ficar apenas 33 dias como papa, entre 26 de agosto a 28 de setembro de 1978.
Segundo Dom Murilo, “esse período, no entanto, foi o suficiente para deixar uma forte impressão naqueles que o conheceram. O fato de ter sido eleito Papa fez com que também seu passado fosse melhor conhecido. Descobriu-se, por exemplo, que por trás de seu sorriso tímido havia muito de humor e, mesmo, de uma fina e delicada ironia”.
“Durante o tempo em que esteve à frente do Patriarcado de Veneza, o então Cardeal Albino Luciani escrevia mensalmente para uma revista. Até aí, nada demais. Acontece que seus artigos tinham uma originalidade: eram cartas abertas, dirigidas a pessoas que viveram em outras épocas. Ele as escrevia como se seus destinatários fossem velhos amigos”, conta.
Segundo o Primaz do Brasil, uma das cartas escritas pelo “Papa Sorriso” (como era conhecido, devido ao seu semblante alegre) foi direcionada ao famoso abade de Claraval, São Bernardo, doutor da Igreja, falecido em 1153.
Na época do conclave para a escolha do sucessor do Papa Paulo VI, prosseguiu Dom Krieger, “os cardeais estavam em dúvida quanto à escolha do futuro Pontífice”, sendo que “um se distinguia pela santidade; outro, pela elevada cultura; o terceiro, pelo senso prático. Qual escolher?”
Neste momento, “um cardeal lembrou-se da carta de Bernardo e disse: ‘Vamos aplicá-la e tudo correrá bem. O primeiro candidato é um santo? Pois bem, que reze por nós, pobres pecadores. O segundo é um sábio? Ótimo, que escreva livros e nos ensine. O terceiro é prudente? Esse nos governe e seja eleito Papa!”
“Recordando esse episódio, O Cardeal Luciani pede ao Abade novos conselhos, úteis aos que estão hoje preocupados com os múltiplos desafios de servir o povo. Em resposta, ‘Bernardo’ lhe observa: ‘Se é prudente, governe’, escrevi naquele tempo. ‘Se você governa, seja prudente’, escrevo agora. Isto é, tenha bem firmes na cabeça alguns princípios básicos e saiba adaptá-los às circunstâncias da vida”, explica o Arcebispo de Salvador.
Em seguida, o prelado complementa: “que princípios? Referirei, ao acaso, alguns: um sucesso aparente, embora clamoroso é, na realidade, um insucesso, caso tenha sido conseguido menosprezando a verdade, a justiça e a caridade; quem ocupa um cargo está a serviço dos outros; quanto maior for sua responsabilidade, tanto mais necessária será a ajuda de Deus. Os grandes princípios devem descer à vida dos homens e os homens são como as folhas de uma árvore: todas são parecidas, mas nenhuma é perfeitamente igual à outra”.
Para o Abade, continua Dom Murilo, a prudência é levada à ação, em meio a um processo executado em três tempos, sendo eles a deliberação, que remete a procura dos meios que conduzem ao fim; a decisão, que resume a escolha do que for melhor; e a execução, que sempre deve se manter firme e corajosa.
“As cartas de Bernardo para o Cardeal de Veneza terminam com uma chamada de atenção para o risco de alguém ser escravo da opinião pública. É importante saber relativizar tanto os elogios como as críticas recebidas, já que o povo nem sempre é muito objetivo”, acrescenta. (LMI)
Da redação Gaudium Press, com informações Arquidiocese de Salvador
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