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Novo desastre em travessia de africanos reacende debate sobre imigração na Itália

Roma (Segunda, 24-08-2009, Gaudium Press) Na última sexta-feira, uma nova tentativa frustrada de travessia para a Europa culminou na morte de 73 imigrantes clandestinos ao redor da costa da Sardenha. Todos eram oriundos da Eritreia, país africano localizado na região do Mar Vermelho, pouco acima do chamado “chifre da África”, e tentavam ingressar no continente pela Itália. Apenas cinco pessoas sobreviveram ao naufrágio.

O desastre reacendeu o debate sobre imigração na Itália, país que vem adotando as medidas mais rígidas contra o acesso e a permanência de clandestinos na Europa.

A Igreja Católica se manifestou sobre o novo incidente. O arcebispo de Nápoles, cardeal Sepe, recordou “a superioridade do direito ao acollhimento sobre todas as outras leis”. O líder do partido A Liga, Umberto Bossi, criticou, por outro lado, a postura da gerarquia católica. “Palavras com pouco sentido as dos bispos. Que as portas as abram o Vaticano. Seja ele a dar o bom exemplo”. As palavras reverberaram não somente na opinião pública na Itália e nos católicos, mas também em políticos de outros partidos italianos.

Em recente entrevista a Radio Vaticana, monsenhor Antonio Maria Vegliò, presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Imigrantes e os Itinerantes reafirmou o “direito humano de ser acolhido e socorrido”. O presidente do Pontifício Conselho não deixou de ponderar, no entanto, que “é importante vigiar as rotas marítimas e tomar iniciativas humanitárias, é legítimo o direito dos Estados de gestar e regular as migrações”.

Ontem, no “Meeting de Rimini”, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, criticou a União Europeia por referir-se apenas aos imigrantes. O “Meeting” de Rímini é um festival anual promovido pelo Movimento Comunhão e Libertação para o intercâmbio cultural que completa 30 anos tendo como tema a questão do conhecimento e sua relação com a fé. De acordo com o ministro, a Itália “é a única que salva a vida dos imigrantes”, enquanto, ainda segundo ele, “outros parceiros europeus permanecem insensíveis, oferecendo apenas palavras”.

Frattini afirma que todos os 27 países europeus deveriam se encarregar dessas pessoas e que deveria ser elaborada uma ampla política de imigração. Ele defende as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo italiano.

“Nós temos convicção de que antes de tudo vem a vida humana. O fluxo de refugiados deve ser prevenido”. O ministro prometeu que analisará o caso dos eritreus salvos ao largo da costa siciliana.

Equipes de resgate vindas de Trípoli, capital da Líbia, e da Itália ainda procuram os corpos no mar.

 

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