Bispo de Temuco critica uso da violência como solução para conflitos no sul do Chile
Santiago (Sexta, 14-08-2009, Gaudium Press) O bispo de Temuco, monsenhor Manuel Camilo Vial, emitiu ontem um comunicado por meio da Conferência Episcopal do Chile criticando a violência no sul do Chile. O bispo foi motivado pela morte do ativista mapuche (povo indígena) Jaime Facundo Mendoza, ocorrida durante um confronto com a polícia na tarde de quarta-feira na região de La Araucanía por conta da ocupação ilegal de um prédio pelos ativistas.
No comunicado o prelado enfatiza que a violência ‘não é o meio de solução para as demandas do povo mapuche’ e que o conflito na região é um desafio que deve ser enfrentado pelo governo e pela sociedade em geral.
“Há um morto, há feridos, há perda de confiança e há dano moral. Isso impede uma solução a esta problemática que se arrasta há séculos”, diz o texto.
Monsenhor Camilo Vial também pediu que as instituições cumpram eficientemente seu trabalho, oferecendo oportunidades de diálogo e de respeito mútuo. Para ele, a coexistência dessas ‘duas culturas’ sofre pela falta de capacidade de estabelecer confiança entre elas.
“O primeiro que precisamos fazer como povo chileno é tratar de conhecer as pessoas com quem estamos lidando (…) os povos não têm sabido viver em um mesmo território. O povo mapuche tem sofrido por anos incompreensões, humilhações e tem sido marginalizado muitas vezes”.
O prelado disse que, ‘como pastor dessa Igreja que peregrina em La Araucanía’, conhece o povo mapuche, defende seus direitos e ‘os quer e os respeita muito, valoriza muito sua cultura’ e avisou que os indígenas podem contar ‘permanentemente’ com sua ajuda.
Monsenhor Camilo Vial afirmou que o desenvolvimento do conflito se deve ao não cumprimento por parte do governo de alguns compromisos já estabelecidos, o que leva os grupos a ‘entrar em desespero’ e a ‘deixar-se influenciar por facções ideologizadas’.
“São poucos os lugares onde existem focos de violência, mas quando os setores políticos pedem maior presença policial, mais força, mais rigidez, não solucionamos o tema”.
Ao fim do texto, dom Camilo convida civis e membros de comunidades católicas a trabalhar pela pacífica convivência de ambas culturas.
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