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Dividem-se as águas do Rio Jordão

Redação – (Segnda-feira, 13/ 07/2015 Gaudium Press) – De modo semelhante ao que aconteceu com o Mar Vermelho, as águas do Jordão se separaram para que os hebreus pudessem atravessá-lo a pé enxuto, e assim penetrassem na Terra Prometida.

Após 40 anos de caminhada pelo deserto, os israelitas se encontravam junto ao Rio Jordão, nas proximidades de Jericó, comandados por Josué, que havia sido ungido por Moisés para se tornar seu sucessor.

Dois espias vão reconhecer Jericó

Deus ordenou- a Josué que, juntamente com todo o povo, atravessasse o rio para conquistar Canaã, ou seja, a Terra Prometida. E acrescentou: “Ninguém te poderá resistir enquanto viveres. Assim como estive com Moisés, estarei contigo […] Sê forte e corajoso, pois farás este povo herdar a terra que jurei dar a seus pais” (Js 1, 5-6).

Nessa época, sendo tempo de colheita, o Jordão transbordava e inundava suas margens (cf. Js 3, 15).

Josué enviou dois espiões para reconhecer a cidade de Jericó. Eles atravessaram o rio a nado e se hospedaram na casa de uma mulher chamada Raab.

O rei de Jericó, sabendo disso, enviou soldados àquela residência a fim de capturar os dois hebreus. Mas Raab os escondeu no terraço, entre feixes de linho, e disse aos militares que eles já haviam ido embora. Os soldados saíram imediatamente em busca dos israelitas.

Uma ascendente de Cristo

A mulher, então, contou aos dois que os habitantes de Jericó souberam dos milagres feitos pelo Criador em favor dos hebreus, entre os quais a travessia do Mar Vermelho. E acrescentou: “Quando ouvimos isso, tivemos grande medo […] e todo o mundo perdeu o alento por causa de vossa presença, porque o Senhor vosso Deus é Deus lá em cima no céu e aqui embaixo na terra” (Js 2, 11).

Em seguida, Raab suplicou-lhes que, quando Jericó fosse conquistada pelos israelitas, ela e todos os membros de sua família fossem poupados. Eles prometeram, sob juramento, que seriam salvos e pediram-lhe que, no dia em que os hebreus entrassem na cidade, ela amarrasse um cordão de cor escarlate na janela de sua casa, que ficava junto à muralha.

Os dois espias se retiraram e voltaram para junto de Josué, ao qual contaram o que havia acontecido.

São Paulo (cf. Hb 11, 31) elogia a fé de Raab. E São Tiago Menor, que em sua epístola declara que “a fé, sem as obras, é morta” (Tg 2, 26), exalta sua boa ação “quando hospedou os que vinham reconhecer a região e os fez regressar por outro caminho” (Tg 2, 25).

E São Mateus afirma que Raab foi ascendente de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 1, 5).

“Quão forte é a mão do Senhor”

Josué ordenou que o povo caminhasse até às margens do Jordão; Deus dividiria as águas e todos poderiam atravessar o rio a pé enxuto.

Os sacerdotes, carregando a Arca da Aliança, puseram-se à frente do povo; quando eles tocaram com os pés as águas, estas pararam formando uma grande barragem e o leito do rio ficou seco. Os sacerdotes permaneceram no meio do caminho, sempre segurando a Arca, até que todos atravessassem.

Depois, Josué mandou que os sacerdotes também fossem à outra margem. “Assim que os sacerdotes que carregavam a Arca da Aliança do Senhor subiram e começaram a pisar a terra seca, as águas do Jordão voltaram para o seu leito e correram como antes, cobrindo inteiramente as margens” (Js 4, 18).

Terminada a travessia, Josué ordenou que com doze pedras retiradas do leito do rio – representando as Tribos de Israel – fosse feito um memorial, para que todos se lembrassem desse portentoso milagre e soubessem “quão forte é a mão do Senhor” (Js 4, 25).

Significados simbólicos

Após montarem o acampamento nas planícies de Jericó, os israelitas celebraram a Páscoa; no dia seguinte cessou de cair o maná, pois eles começaram a se alimentar com os produtos da terra de Canaã, que era fertilíssima, onde corriam rios de leite e mel (cf. Ex 3, 8).

Comenta São João Bosco:

Esta estadia dos hebreus no deserto é figura de nossa peregrinação pelo mundo. A Terra Prometida lembra-nos o Céu, onde na abundância de todos os bens gozaremos e louvaremos eternamente a Deus.

A cessação do maná significa que no Céu, com a plenitude dos bens, gozaremos da presença corporal de Jesus Cristo, não mais sob as espécies de pão e de vinho, simbolizadas no maná, mas real e materialmente como, quando mortal, Ele vivia na Terra.

O chefe do exército de Deus

Josué partiu em direção a Jericó. Estando nos arredores da cidade, ele viu diante de si um Anjo, com aspecto de homem, de pé, segurando uma espada desembainhada. Demonstrando muita coragem, Josué perguntou-lhe:

– Tu és dos nossos ou dos inimigos?

E o Anjo respondeu-lhe:

– Eu sou o chefe do exército do Senhor.

Então, Josué prosternou-se e o venerou.

Esse Anjo, juntamente com muitos outros espíritos celestes, seus subordinados, vinha dirigir a miraculosa tomada da cidade de Jericó.

Peçamos à Santíssima Virgem que nos obtenha a graça de sermos fortes e corajosos para enfrentarmos as dificuldades que se erguem diante de nós e da Santa Igreja, para alcançarmos, pela misericórdia d’Ela, o Céu.

Por Paulo Francisco Martos
(in “Noções de História Sagrada” – 36)

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1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p. 88.

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