“O ser humano está necessitado da boa notícia”, afirma Dom Carlos Osoro
Madri – Espanha (Sexta-feira, 19-06-2015, Gaudium Press) ‘Vozes de Madri’ é um ciclo também conhecido como Conversas Matritenses.
Ali se encontram os que querem escutar personagens que fazem parte de diversos âmbitos da vida da capital espanhola. Passaram por esse cenário cidadãos de profissões tão variadas como o antropólogo que encontrou os restos de Cervantes, um mago reconhecido e um comandante da Otan. Agora foi a vez do Arcebispo de Madri, Dom Carlos Osoro.
O apresentador do ato, o dramaturgo Ignacio García May, que disse que “a priori, não é [este] um lugar onde alguém pode se encontrar com um Arcebispo”. Mas no fundo estava tranquilo, pois um amigo lhe havia dito que com Dom Osoro as coisas não seriam complicadas.
Dom Carlos Osoro era professor de Ciências Exatas antes de ingressar à vida religiosa. “Como é que um professor se converte em sacerdote?”, indagou García May. Um dia “estava escrevendo algo na lousa, ao voltar o olhar e ver todos os jovens pensei: Para esta gente não poderia eu dar algo mais que valesse a pena para o presente e para seu futuro?”. Esse dia, “fui chave em minha vida. Pela tarde fui ver a um jesuíta e tomei a decisão”. De fato Dom Osoro afirmou que essa decisão confirmava um desejo que ele tinha desde criança, pois aos seis anos, durante a visita de um missionário à sua paróquia, “ao perguntar quem queria ser sacerdote eu levantei a mão”.
“Em seu discurso, disse muitas vezes que sua doutrina é falar com todo o mundo. Realmente, pode-se falar com alguém que não é crente?”, perguntou o moderador. “Eu tenho amigos aos quais às vezes digo: É que não acreditas nem as aspirinas. Tenho amigos que são amigos de verdade, estudaram comigo e nunca lhes abandonei. E nas coisas mais importantes de sua vida sei que me perguntaram o que é que eu penso, o que quer dizer que se fiam algo em mim”.
Uma das primeiras visitas realizadas por Dom Osoro já como Arcebispo de Madri foi ao Gallinero, na Cañada Real. “Me sinto com a responsabilidade de poder chegar ao coração de todos porque quero ser pastor. O Bom Pastor da parábola se ocupa naturalmente do rebanho que tem, mas também vai em busca dos que se foram. Eu quero ser esse pastor. Teria que ser um santo para consegui-lo, mas vou tentar”. Isto, acrescentou, “é o que me leva a percorrer todos os lugares onde vive a gente, e também onde há mais necessidade”. “Não é excessivo o peso de ver tanta injustiça ou miséria?”, perguntou o apresentador. “Sinceramente, lhe digo que sim”, reconheceu Dom Carlos. “Pensar que um ser humano às vezes não tem nem lugar onde pôr o pé, porque o lugar que ocupa é de outros e lhe proíbem pôr o pé, me estremece. Deus deu esta terra ao homem para que possa viver nela junto aos demais, em uma relação não de guerra, mas de fraternidade?”.
Como é o dia a dia de um Arcebispo de Madri? Dom Osoro narrou o que havia feito até então, com naturalidade, sem fingimento.
“Me levantei às 06h30 e rezei, porque senão, falo no vazio. Havia ficado para ir a uma entrevista. E depois de tomarmos o café da manhã. Daí fui para a CONFER, ver aos religiosos e celebramos a Missa e comemos juntos”. Depois, chegaram as visitas ao seu despacho de Bailén e “agora para vir aqui”.
Concluiu o Arcebispo recordando que “é tempo de esperança, porque o ser humano, no mais profundo de seu coração, está necessitado da boa notícia, que não é outra que Deus lhe quer”. (GPE/EPC)
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