As águas de Meriba
Redação – (Quarta-feira, 10/06/2015, Gaudium Press) – Por ordem de Deus, Moisés pediu aos chefes das Doze Tribos que cada um lhe entregasse uma vara, na qual escrevessem o respectivo nome.
A vara florida de Aarão
Obtidas as varas – numa das quais estava escrito o nome de Aarão -, o profeta colocou-as na Tabernáculo, junto à Arca da Aliança. No dia seguinte, a vara de Aarão “tinha produzido brotos e dado flores e amêndoas maduras” (Nm 17, 23).
O Senhor mandou, então, que a vara de Aarão fosse colocada dentro da Arca da Aliança, como sinal para os rebeldes que frequentemente se queixavam contra Deus (cf Nm 17, 25).
Desse modo, o Altíssimo quis mostrar que “as honras do sacerdócio coubessem exclusivamente a Aarão e seus descendentes”1; portanto, o sacerdócio não era comum a todo o povo, como pretendiam os rebeldes Coré e seu bando (cf. Nm 16, 2-3).
Por 40 anos os israelitas perambulavam pelo deserto. Ao longo de todo esse tempo, muitos haviam falecido; em determinado dia, morreu Maria, a irmã mais velha de Moisés e Aarão. Embora, naquela época as pessoas fossem longevas, uma nova geração surgira.
“Não acreditastes em Mim”
Como já havia acontecido anteriormente em outros locais, em Meriba2 faltou água e o povo revoltou-se contra Moisés e Aarão, dizendo: “Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a um lugar tão horrível como este […], onde nem sequer água existe para beber?” (Nm 20, 5). “Esta jovem geração imita em todos os pontos, apesar das lições da História, a conduta e até a linguagem da antiga.”3
Moisés e Aarão dirigiram-se à entrada da Tenda do Encontro, onde se prosternaram com o rosto em terra. Então, Deus disse a Moisés que tomasse sua vara e, juntamente com Aarão, reunisse todo o povo diante de uma pedra. E acrescentou: “Falai à pedra para ela dar água” (Nm 20, 8); então jorrará água para dessedentar as pessoas e os animais.
O profeta pegou seu cajado e, juntamente com Aarão, aglutinou o povo. Então golpeou duas vezes a rocha com a vara, e jorrou água em abundância. Mas a atitude de Moisés e Aarão descontentou a Deus, que lhes disse: “Visto que não acreditastes em Mim para manifestar a minha santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembleia na terra que lhe vou dar” (Nm 20, 12).
A falta cometida por Moisés e Aarão
Em que consistiu propriamente a falta de Moisés? Alguns afirmaram que ele pecou porque, em fez de falar ao rochedo, o golpeou. Mas essa explicação parece pouco justificável – explica Fillion-, pois se Deus lhe mandou pegar seu bastão foi para que fosse utilizado, como acontecera em Rafidim (cf. Ex 17, 5-6).
Moisés bateu no rochedo duas vezes, o que revela certa impaciência; por um momento, sua fé vacilou. Mas foram suas palavras que o tornaram culpável, como exprime o salmista: “Eles o irritaram junto às águas de Meriba, e Moisés sofreu por causa deles; pois aborreceram seu espírito, e ele disse palavras mal faladas” (Sl 106, 32-33).
“Aarão participou desse pecado nada fazendo para sustá-lo.”4 Por isso, ambos receberam o castigo: não deverão entrar na Terra Prometida.
Ambos se arrependeram dessa falta, e Moisés cresceu no amor de Deus, na humildade e atingiu tal santidade, que teve a glória de estar, juntamente com o Profeta Elias, no Tabor, quando Nosso Senhor Se transfigurou.
Morte de Aarão
Os israelitas levantaram acampamento e se dirigiram ao Monte Hor. Lá chegando, Deus falou a Moisés e Aarão que este logo morreria, e Moisés deveria retirar as vestes de sumo sacerdote de Aarão e colocá-las em Eleazar, filho de Aarão, à vista de todo o povo.
Moisés assim o fez e pouco depois Aarão faleceu, na idade de 123 anos (cf. Nm 33,39). Que a Santíssima Virgem nos obtenha a graça de uma Fé inabalável e a certeza de que virá o triunfo de Seu Imaculado Coração, como Ela prometeu em Fátima.
Por Paulo Francisco Martos
(Noções de História Sagrada – 32)
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1 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.82.
2 – Trata-se de um local diferente de Massa e Meriba, onde também houve um milagre semelhante (cf. Ex 17, 7).
3 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1,
p. 496.
4 – Idem, ibidem, p. 497
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