Um grande exército caminhando pelo deserto
Redação – (Terça-feira, 26-05-2015, Gaudium Press) – Sabendo que iria encontrar muitos inimigos pela frente, Moisés organizou os israelitas de forma militar, tendo por principal objetivo velar pelo Tabernáculo, no qual se encontrava a Arca da Aliança.
Depois que todas as partes do Tabernáculo ficaram prontas, Moisés montou-o e deu-lhe o nome de Tenda do Encontro (cf. Ex 33, 7).
No dia em que foi inaugurada, uma nuvem a cobriu, a qual tinha aparência de fogo à noite. “Sempre que a nuvem se elevava de cima da Tenda, os israelitas partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali eles acampavam” (Nm 9, 17).
Nadab e Abiú
Estando ainda acampados perto do ao Sinai, ocorreu um terrível fato envolvendo os dois filhos mais velhos de Aarão, Nadab e Abiú, que haviam sido ungidos por Moisés como sacerdotes.
Cada um deles tomou seu turíbulo, nos quais “colocaram incenso e ofereceram ao Senhor um fogo profano, que não havia sido autorizado. Então saiu um fogo enviado pelo Senhor, que os devorou” (Lv 10, 1-2).
Moisés ordenou que seus cadáveres fossem levados para fora do acampamento, e proibiu que se fizesse luto pela morte deles. Naquelas circunstâncias, o luto “teria sido como um protesto contra a conduta do Senhor”.
Antes de serem sacerdotes, Nadab e Abiú haviam recebido a insigne honra de subir ao Monte Sinai, juntamente com Moisés e Aarão (cf. Ex 24, 1), mas não corresponderam às graças divinas. Em vez de acender seus turíbulos no altar dos holocaustos, como era preceito, eles utilizaram um fogo de outra procedência, designado pela Bíblia de “profano”. Pelo terrível castigo, nota-se que cometeram gravíssimo pecado.
As quatro principais bandeiras
Antes de partirem do Sinai rumo à Terra Prometida, então habitada por povos idólatras e corrompidos, o Onipotente ordenou a Moisés: “Guarda-te de fazer aliança com os habitantes da terra na qual vais entrar, para que não se tornem uma armadilha. Ao contrário, derrubareis os altares, quebrareis as colunas sagradas e cortareis os troncos idolátricos” (Ex 34, 12-13).
Obedecendo a Deus, Moisés mandou que se realizasse um recenseamento, registrando “os nomes de todos os homens, maiores de vinte anos, aptos para a guerra” (Nm 1, 2-3). O objetivo era “a organização militar de Israel […] para a guerra santa a ser empreendida proximamente”. Resultado do censo: 603.550 homens.
Os exércitos das Doze Tribos foram divididos em quatro grupos, cada um com sua bandeira. Segundo a tradição judaica, em cada bandeira estava representada uma das seguintes figuras: leão, homem, touro e águia. Aliás, esses são os símbolos dos quatro Evangelistas: o leão representa São Marcos; o homem, São Mateus; o touro, São Lucas; a águia, São João. Além dessas quatro bandeiras, havia muitos outros estandartes menores.
Depois de os israelitas terem permanecido nas cercanias do Sinai durante aproximadamente um ano, a nuvem que cobria o Tabernáculo elevou-se e eles partiram guiados por ela, cada destacamento seguindo sua bandeira.
“Quando a Arca da Aliança se punha em movimento, Moisés bradava: “Levanta-Te, Senhor, que se dispersem os inimigos! Fujam diante de Ti os que Te odeiam.” (Nm 10, 35).
Durante as caminhadas pelo deserto, o Tabernáculo sempre ficava no meio dos guerreiros; em sua frente iam seis exércitos e, atrás dele, outros seis.
Sepulcros da gula
Devido às dificuldades que surgiam, o povo começou a murmurar contra Deus. Então “o Senhor inflamou-Se de ira” (Nm 11, 1) e lançou contra eles um fogo que devorou uma extremidade do acampamento. Pediram o socorro de Moisés, que intercedeu por eles junto ao Altíssimo e o fogo se apagou.
Mas logo depois recaíram no seu pecado, dizendo: “Quem nos dará carne para comer? Estamos lembrados dos peixes que comíamos de graça no Egito, dos pepinos, melões, verduras, cebolas e alhos! Agora […] não vemos outra coisa senão maná” (Nm 11, 4-6). A expressão “cebolas do Egito” tornou-se proverbial devido a esse trecho da Sagrada Escritura.
Irado, Deus disse a Moisés que lhes enviaria carne em tal quantidade que lhes sairia pelas narinas, provocando náuseas. De fato, grande número de codornizes pousou sobre o acampamento, e o povo comeu carne de modo tão desenfreado que “se inflamou a ira do Senhor” (Nm 11, 33). Por isso muitos ali morreram, e aquele lugar passou a ser chamado de “Sepulcros da Gula”.
Irmã de Moisés é castigada
Moisés já havia enfrentado diversas revoltas contra ele, mas agora até seus irmãos causam-lhe profunda dor.
Aarão e Maria criticaram o profeta, dizendo: “Acaso o Senhor falou só por Moisés? Não falou também por meio de nós?” (Nm 12, 2). Indignado contra eles, Deus fez com que Maria ficasse leprosa.
Aarão logo pediu perdão a Moisés: “Por favor, meu senhor, não nos faças pagar pelo pecado que tolamente cometemos” (Nm 12, 11). O profeta intercedeu por Maria, a qual, após ter permanecido durante sete dias confinada fora do acampamento, ficou curada.
Por que só Maria foi castigada, uma vez que Aarão também pecara? Porque “ela era a instigadora desse movimento de insubordinação”.
Que Maria Santíssima nos obtenha a graça de nunca nos deixarmos levar pelo igualitarismo, mas amarmos a hierarquia desejada por Deus.
Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada (30) )
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1 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 352.
2 – Idem, ibidem, p. 351.
3 – Idem, ibidem, p.424-425.
4 – Idem, ibidem, p. 430.
5 – Cf. CORNÉLIO A LÁPIDE. Apud BARBIER, SJ, Jean-André. Tesoros de Cornelio a Lapide. Madri: Librerias de Miguel Olamendi e outros. 1866, v.2, p.247.
6 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 462.
7 – Idem, ibidem, p. 351.
8 – Idem, ibidem, p.424-425.
9 – Idem, ibidem, p. 430.
10- Cf. CORNÉLIO A LÁPIDE. Apud BARBIER, SJ, Jean-André. Tesoros de Cornelio a Lapide. Madri: Librerias de Miguel Olamendi e outros. 1866, v.2, p.247.
11 – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 462.
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