Comunidade Católica no Tibete mantêm sua Fé apesar de 50 anos sem sacerdotes
Lhasa – Tibete (Terça-feira, 26-05-2015, Gaudium Press) Uma visita de um escritor aos que chamou em seu livro “Os povos esquecidos do Tibete” trouxe à luz pública um testemunho de grande valor sobre a fidelidade à Fé Católica das comunidades mais afastadas da China. Segundo o autor, Constantin de Slizewicz, a intensa perseguição não pode acabar com a religião, mas deu origem a uma Igreja subterrânea que transmitiu a Fé apesar da ausência de sacerdotes e sacramentos.
Segundo relatou Slizewicz a AFP, a chegada do comunismo trouxe a proibição do catolicismo: “As igrejas foram fechadas ou transformadas em colégios e celeiros. Os cristãos não tinham direito a ter objetos religiosos sob pena de encarceramento, e os que tinham um papel importante foram perseguidos e levados ao laogai (campos de trabalhos forçados chineses)”. Os missionários eram vistos como espiões a serviço de outras nações e foram expulsos e a ação estatal estava encaminhada a erradicar a religiosidade.
No entanto, a perseguição estatal não foi suficiente para acabar com a Fé da povoação local. “O tibetano está fascinado por Deus”, comentou o autor. “Dedicaram sua vida à Fé. Estes tibetanos convertidos ao catolicismo não o fazem pela metade”. O resultado de sua persistência é um testemunho similar ao chamado “Milagre do Oriente”, quando os fiéis japoneses de Nagasaki viveram de forma oculta sua Fé durante mais de 200 anos. Nesta região do Tibete, os católicos “durante quase 50 anos de ausência de sacerdotes e sacramentos, não esqueceram nem uma palavra dos ensinamentos um século atrás destes padres”.
Uma figura notável deste testemunho é a do “patriarca” Zacarias, um catequista que se viu forçado a deixar o território em meio da perseguição e que se estabeleceu em Taiwan. Trinta anos mais tarde, retornou ao Tibete para reanimar a Fé de seu povo. Trazia consigo água benta do Santuário de Lourdes, França, e os habitantes ainda recordam os portentos realizados por Deus através deste sacramental.
O catequista “havia depositado em cada igreja da vizinhança água benta de Lourdes diluída em água limpa”, recordou um seminarista chamado Zha Xi. “Se um fiel ficava doente, lhe era dado uma gota. Três dias depois, se restabelecia”. Zacarias permaneceu em sua missão catequética entre os seus até a idade de 100 anos.
Um dos templos da região, em Zhongding, conserva ainda viva a recordação dos missionários franceses que o construíram no século XIX. “As árvores foram plantadas por franceses. Os sinos das igrejas também foram trazidos da França, assim como as ferramentas agrícolas”, recordou o Padre Francisco, sacerdote atual do lugar, que recordou que foram os missionários quem trouxeram além da Fé os primeiros materiais e conhecimentos de modernização do campo.
Segundo os testemunhos coletados por Slizewicz, os controles das autoridades chinesas sobre a religião católica fortaleceram a coesão da Igreja subterrânea local, que continua seu crescimento apesar da escassez de sacerdotes. “Aqui, os católicos são cada vez mais numerosos”, descreveu Yu Xiulian, uma camponesa de 75 anos. “Nós, a gente do povo, queríamos ampliar as igrejas, mas falta dinheiro”. (GPE/EPC)
Deixe seu comentário