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“Sejamos bons comunicadores”, afirma o Arcebispo de Porto Alegre

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Sexta-Feira, 15/05/2015, Gaudium Press) Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, fala em seu mais recente artigo que Francisco de Sales é o patrono das comunicações sociais e, no dia em que celebramos sua memória, o Papa publica uma mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.Dom Jaime Spengler.jpg

De acordo com o Prelado, o tema escolhido para a mensagem deste ano é: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”. Para ele, trata-se de um tema de grande relevância para a atualidade, pois a família é o primeiro lugar onde aprendemos a nos comunicar, e é a partir do ambiente familiar que aprendemos a construir contatos com o mundo.

“A comunicação é dimensão constitutiva do ser humano; ela é vital ao próprio ser humano, enquanto ser em relação. Essa observação é para nós importante, pois a comunicação não é simplesmente questão de aparelhos, máquinas, técnicas ou tecnologia. A comunicação é essencialmente questão de relações humanas; é encontro interpessoal”, acrescenta.

O Arcebispo ainda reforça que para demonstrar esse dado fundamental, a mensagem do Papa parte da cena bíblica que descreve a visita de Maria à sua prima Isabel, dando ênfase à exultação do encontro entre elas, inclusive de João Batista ainda no seio materno.

“O encontro entre Maria e Isabel pressupõe acolhida, sorriso, abraço, cordialidade, receptividade, doação, sair de si, abertura, partilha, solidariedade. São atitudes profundamente humanas! São gestos e atitudes que comunicam. Assim, somos recordados de que comunicação tem a ver com proximidade, gestos, palavras, contato e olhares. Comunicamos quando também acolhemos o que está sendo comunicado: podemos dar porque recebemos. Essa reciprocidade é o paradigma de toda comunicação”, avalia.

Além disso, Dom Jaime afirma que a comunicação não é simples transmissão de informações, mas é essencialmente proximidade, contato corporal. Conforme ele, é o que podemos verificar na relação materna: a mãe, através do cheiro, do contato, do olhar, da ternura, cultiva uma profunda relação com o fruto de suas entranhas. Para o Prelado, esse cultivo determina inclusive todo o desenvolvimento psicológico da criança, e o futuro da criança é também determinado pela qualidade das relações desenvolvidas no cotidiano entre ela e os pais.

“Há também um outro nível de comunicação que acontece, por exemplo, na liturgia. A maior expressão de comunicação na celebração litúrgica é a comunidade reunida em nome do crucificado-ressuscitado para celebrar o mistério da redenção humana. A comunidade de fé reunida para a liturgia é também anúncio do reino já presente, no aqui e agora.”

Também ressalta que urge redescobrir aspectos fundamentais da comunicação latentes na celebração litúrgica. Segundo o Arcebispo, não se trata aqui de destacar o que se diz e o quanto se diz, o instrumental usado, mas de resgatar a dimensão do encontro não só entre os membros da assembleia, mas sobretudo e fundamentalmente o encontro da assembleia com seu Senhor.

“Por isso, os gestos que compõem a ação litúrgica trazem a marca do crucificado-ressuscitado. O que vemos, ouvimos, dizemos, cheiramos, tocamos, abraçamos, comemos, o silêncio que fazemos, a intimidade que cultivamos através da prece, os passos dados para e no interior do templo, o retorno para nossos lares, tudo está marcado por dignidade particular”, completa.

Por fim, Dom Jaime salienta que assim como o cuidado dispensado pela mãe ao filho não é algo mecânico, da mesma forma a boa comunicação na ação litúrgica não é resultado da aplicação de técnicas mais ou menos boas, mas é expressão da experiência fundante do encontro com o Senhor, que faz novas todas as coisas e relacionamentos.

“Em meio a críticas, desafios, limitações, mas também possibilidades que se apresentam, seja à instituição família ou à ação litúrgica, ‘não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro’ (Papa Francisco). Sejamos bons comunicadores”, conclui. (FB)

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