Monsenhor João Clá: A devoção do amor
Redação – (Quinta-feira, 23-04-2015, Gaudium Press) – Amar e ser amado! Uma questão que se impõe aos homens de todas as épocas. Há vários tipos de amores.
Amor humano, amor divino: Fomos amados primeiro, afirma o apóstolo do amor, São João.
Sim! Deus nos amou desde o princípio, porque já existíamos nos planos d’Ele. Pois, como afirma o Monsenhor João Clá, citando São Tomás, “O homem pode sentir afeto ou repulsa apenas por objetos cuja existência conhece. Com Deus, entretanto, o fenômeno dá-se de forma diversa”.
Ele, afirma São Tomás, “conhece todas as coisas, não apenas as que existem em ato, como também aquelas que estão em sua potência ou na potência das criaturas. […] Seu olhar recai desde toda eternidade sobre todas as coisas, como estão em sua presença”.
A nossa criação é uma escolha feita por puro amor, gratuitamente. Pois que, acrescenta o Monsenhor João Clá, no mundo dos possíveis divino, nosso Criador escolheu a cada um em particular, tendo-nos presente em sua Redenção.
Alguém objetaria que uma criatura, assim, seria como Deus, pois existiria desde toda a eternidade. A essa objeção Santo Tomaz explica que “embora as criaturas não tenham existido desde toda a eternidade, senão em Deus, por ter existido em Deus desde toda a eternidade, Ele a conheceu desde toda a eternidade em suas próprias natureza; e por isso mesmo as amou”.
É no mistério desse amor de um Deus feito homem, para nos salvar que devemos considerar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Mas, segundo o Monsenhor Clá Dias, corremos o risco de ficar muito aquém do tesouro de bondade e misericórdia que essa forma de piedade coloca à disposição dos fiéis.
Porque o Coração de Jesus é o tabernáculo mais autêntico e substancial das três Pessoas da Santíssima Trindade e, em consequência, não há melhor meio de adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo do que através d’Ele.
Com efeito, o Sagrado Coração de Jesus, invocado na ladainha que Lhe é dedicada como “unido substancialmente ao Verbo de Deus”, abarca de maneira insondável ambas as naturezas de Cristo: a humana e a divina.
Assim, com toda propriedade, é por seu intermédio que Deus entra em contato conosco, respeitando as nossas proporções e apresentando-Se ao nosso alcance de maneira a nos inspirar confiança. E reciprocamente, adorando a Deus através do Sagrado Coração, utilizamo-nos do altar mais privilegiado, supremo até, para nossas orações ascenderem ao Céu de maneira a serem aí recebidas com absoluta complacência.
Símbolo por excelência do amor infinito de Deus pelos pecadores e a mais comovente manifestação de sua capacidade de perdoar, abrir-se à misericórdia que d’Ele dimana constitui uma segura fonte de salvação, porque, como acentua o Papa Pio XII:
“Só Aquele que é o Unigênito do Pai e o Verbo feito Carne ‘cheio de graça e de verdade’ (Jo 1,14), tendo descido até os homens oprimidos de inúmeros pecados e misérias, podia fazer brotar de sua natureza humana, unida hipostaticamente à sua Pessoa Divina, um manancial de água viva que regasse copiosamente a terra árida da humanidade, transformando-a em florido e fértil jardim”.
Que nossas almas possam ser esse jardim fértil e florido sob os raios puríssimos dessa Bondade Divina, porque Deus é amor!
Por Lucas Miguel Lihue
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