"O ser humano depende completamente da graça salvadora de Deus", diz o Bispo de Cornélio Procópio
Cornélio Procópio – Paraná (Sexta-Feira, 13/03/2015, Gaudium Press) Dom Manoel João Francisco, Bispo da Diocese de Cornélio Procópio, no Paraná, afirma em seu mais recente artigo que a segunda leitura prevista para ser proclamada nas celebrações do próximo domingo é tirada da Carta aos Efésios. Segundo ele, nela São Paulo afirma que foi por graça que fomos salvos.
O Prelado explica que este ensinamento é muito importante, pois trata-se da doutrina da justificação por graça e fé, carro chefe de toda a teologia de Lutero. Ele esclarece que não é uma verdade de fé como as outras, mas o centro e o critério em torno do qual se articulam todas as outras verdades.
Ainda conforme o Bispo, o Concílio de Trento se deteve longo tempo, de 23 de junho de 1546 a 13 de janeiro de 1547, refletindo sobre ela. Dom Manoel salienta que foram 44 Sessões especiais e 61 Sessões gerais, resultando no Decreto sobre a Justificação com um prólogo, dezesseis capítulos e trinta e três cânones.
Além disso, o Prelado afirma que por causa da importância desta doutrina e dos maus entendidos sobre ela, católicos e luteranos, no século XVI, se lançaram condenações e excomunhões mútuas.
“Graças a Deus o tempo passou e o cenário mudou. No dia 31 de outubro de 1999 as autoridades da Igreja Católica e da Igreja Luterana assinaram uma Declaração Conjunta sobre a Doutrina justificação. Em 2006 a Comunhão Metodista Mundial também assinou”, reforça.
De acordo com Bispo, agora o clima já não é mais de reservas, suspeitas, polêmica e confronto. Ele acredita que a disposição é de aceitação recíproca: Luteranos, Católicos e Metodistas “confessam juntos que o ser humano, no concernente à sua salvação, dependem completamente da graça salvadora de Deus” (DC 19).
“Confessam também que não sobre a base de nossos méritos, mas da graça e na fé na obra salvífica de Cristo, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que renova nossos corações, nos habilita e nos chama a realizar as boas obras” (DC 15).
Dom Manoel também recorda que as condenações doutrinais do século XVI foram suspensas e nem os anátemas do Concílio de Trento atingem a doutrina das Igrejas luteranas, nem as condenações expressas nos escritos confessionais luteranos se aplicam à doutrina da Igreja Católica (DC 41).
Por fim, ele encerra suas observações com as palavras de João Paulo II a uma delegação luterana da Noruega em novembro de 2002. “Comprometemo-nos a continuar caminhando ao longo do itinerário da reconciliação. A Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica, assinada em 1999, aplaina o caminho de um testemunho conjunto mais amplo e aproxima-nos um pouco mais da plena unidade visível, que constitui a meta do nosso diálogo. O Senhor nos ajude a valorizar aquilo que já foi alcançado até agora e nos confirme nos esforços em ordem a fazer com que eles se desenvolvam numa maior forma de cooperação. No início do novo milênio, o Senhor nos exorta a todos, seus seguidores: ‘Duc in altum! Fazei-vos ao largo!’ (Lc 5,4). Permaneçamos sempre abertos à obra surpreendente do Espírito Santo no meio de nós”. (FB)
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