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O Bispo de Niigata, no Japão, quer tirar das páginas da história os “católicos escondidos”

Niigata – Japão (Quarta-feira, 11-03-2015, Gaudim Press) – Dom Tarcísio Isao Kikuchi, Bispo de Niigata, no Japão, afirmou que a fé dos “kakure Kirishitan”, os chamados “cristãos escondidos” do Japão, “deve sair dos livros de história.

A Igreja do Japão está trabalhando para torná-los testemunhas vivas, capazes de motivar os católicos de hoje. Porém, as dificuldades são muitas: aqui é difícil falar de religião, de qualquer religião, mas, precisamente por isso, temos de trabalhar mais no confronto destes nossos predecessores”.japan-kikuchi.jpg

Em outras palavras, o Bispo de Niigata deseja que o testemunho dado pelos “kakure Kirishitan”, seja exemplo de fé e incentivo para os japoneses de hoje seguirem com altivez a fé católica.

Dom Tarcisio Isao Kikuchi fez estes comentários poucos dias antes do início das celebrações que a Igreja do Japão dedica aos “cristãos escondidos”.

Os festejos iniciam-se no dia 14 e prolonga-se até 17 de março, quando estarão sendo comemorados 250 anos da saída dos católicos japoneses da clandestinidade.

Os primeiros católicos japoneses foram convertidos no século XVI. Uma cruel perseguição os fez viver numa total clandestinidade por cerca de dois séculos e os membros da comunidade cristã subterrânea do Japão -os “kakure Kirishitan”- mantiveram-se fiéis à Igreja, apesar de tudo.

Um verdadeiro milagre de perseverança, pois a Fé deles manteve-se apesar da total ausência de igrejas, missionários, sacerdotes, liberdade de culto ou prática religiosa. Foi só depois da inauguração da Igreja de Oura (perto de Nagasaki), concedida pelo governo de Tóquio aos missionários franceses, que os “kakure Kirishitan” tornaram-se conhecidos e sua existência tornada pública.

Enquanto rezava dentro da igreja, em 17 de março de 1865, o Pe. Petitjean – (missionário do Missões Estrangeiras Pontifícias), mais tarde primeiro bispo de Nagasaki – foi visitado por um pequeno grupo de camponeses do local. Eles chegaram respeitosamente e lhe perguntaram se “era possível saudar Jesus e Maria.” Depois da surpresa, Pe. Petitjean pediu que eles dissessem quem eram.

A história veio a lume: uma comunidade cristã numerosa, fiel a Roma, sobrevivia e estava ainda presente no país, desde as perseguições de 1500.

Um testemunho, sem dúvida admirável, que o bispo Dom Tarcisio Isao Kikuchi deseja que saia das páginas da história e personifique nos católicos japoneses de hoje para que eles também sejam testemunhas vibrantes e firmes da fé católica e herdeiros vivos do que seus antepassados cristãos lhes deixaram.

Segundo Dom Kikuchi “o que aconteceu em Nagasaki tem grande importância para todos nós. Mas, para sermos justos, devemos dizer que os japoneses, também os católicos, acreditam que, de certa forma, o fato seja fruto precisamente desta região, há muito tempo considerada ‘cristã’.

A maioria dos católicos japoneses homenageia com amor esses cristãos escondidos que superaram dois séculos e meio de perseguições sem deixar a fé, mas não se sentem ligados a eles.

É por isso que estamos procurando, como bispos, ir além da história”.

Para que isso aconteça, uma grande ajuda vem das obras sociais católicas: “Graças a elas, através do voluntariado, conseguimos mostrar nossos valores de forma saudável. O terrível terremoto e o tsunami que atingiram o país quatro anos atrás provocaram muitas tragédias, e aquilo que fizemos e continuamos a fazer com a Caritas nas áreas afetadas tem impressionado muito as pessoas. É o testemunho vivo e real, que penetra no coração dos japoneses “.

Precisamente às vítimas desta tragédia serão dedicadas às orações da “24 horas para o Senhor”, o dia de oração proclamado pelo Papa Francisco, em sua Mensagem para a Quaresma de 2015, que terá lugar em todo o mundo:

“Na minha diocese decidimos marcar este dia com a adoração e a confissão. Mas o ponto principal está relacionado ao quarto aniversário do tsunami: rezaremos pela paz das almas daqueles que morreram, pelo bem-estar dos sobreviventes e reabilitação das áreas afetadas “, afirmou o bispo que também preside a Caritas japonesa.. (JSG)

Da redação Gaudium Press, com informações Rádio Vaticana

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