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"Precisamos da luz do Espírito Santo para superar as tentações", diz Arcebispo de Londrina

Londrina – Paraná (Sexta-Feira, 27/02/2015, Gaudium Press) O Arcebispo da Arquidiocese paranaense de Londrina, Dom Orlando Brandes, afirmou em seu artigo que uma Igreja em estado permanente de missão encontra muitas tentações pelo caminho. Para embasar sua afirmação, o Prelado cita o Papa Franscico, que listou as tentações presentes dentro da Igreja.

A primeira tentação é a ideologização da mensagem evangélica, que significa interpretar o Evangelho fora da Bíblia e da Igreja, para defender interesses pessoais ou grupais. Assim, segundo o Pontífice, se usa o Evangelho, a Igreja, a religião em favor de si mesmo, do partido político, das vantagens e interesses próprios, e a fé se torna meio e instrumento de exclusão, manipulação e exploração do povo.

Já a segunda tentação é o reducionismo socializante, que consiste em reduzir a Palavra de Deus a partir da ótica puramente social, dependente das ciências sociais. Francisco afirmou que tanto o liberalismo de mercado como o marxismo são reducionistas. Para ele, a fé carrega em si mesma a dimensão social, a promoção humana.

A ideologização psicológica é a terceira tentação apresentada pelo Papa, e ela reduz o encontro com Jesus Cristo a uma dinâmica psicológica do autoconhecimento. Conforme ele, verifica-se isso em cursos de espiritualidade, retiros espirituais onde se fala de um psicologismo auto-referencial sem transcendência e sem missionariedade, que nos afasta da missão.

Além disso, o Pontífice cita a proposta gnóstica como outra tentação presente na Igreja. Isso costuma ocorrer, de acordo com o Papa, quando grupos de elite, “católicos iluminados”, julgam ter uma espiritualidade superior à dos outros. Ele destaca que a partir da razão, do conhecimento racional, confiam mais nos raciocínios que na graças, e assim se colocam em posição de privilégio, prestígio e superioridade em relação aos demais fiéis.

A quinta tentação, por sua vez, é a proposta pelagiana: em que busca-se a solução dos problemas apenas na disciplina, no rigorismo. “É a volta ao ritualismo.”

Outra tentação é o funcionalismo, que consiste em apostar na eficácia, na função, na prosperidade do plano e do organograma pastoral. O papa explica que os sacramentos, a evangelização se transformam em função burocrática, sem conversão, sem interioridade, sem a coerência entre o ser e o fazer, e, assim, a Igreja é transformada numa ONG.

Por fim, a sétima tentação é o clericalismo, em que o sacerdote centraliza tudo em sua pessoa e poder pessoal e clericaliza os leigos. Por outro lado, pondera o Pontífice, há leigos que procuram a clericalização e para não se incomodar assumem o que é mais cômodo. Há uma falta de maturidade e de liberdade.

“A reação ao clericalismo se expressa nas ideologizações, nas pertenças limitadas e parciais. A religiosidade popular, os grupos bíblicos, as comunidades eclesiais de base, os Conselhos Pastorais são tentativas de superação do clericalismo. Em relação aos Conselhos Pastorais ainda estamos atrasados”, afirma o Papa.

Para concluir, Dom Brandes pede as luzes do Espírito Santo para superarmos estas e outras tentações. Ele acredita que para isso precisamos abrir os olhos do coração para nossa conversão pastoral, e a Quaresma nos convida à conversão e à fraternidade. (FB)

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