“Eu sou Aquele que sou”
Redação – (Quarta-feira, 25-02-2015, Gaudium Press) – Respondendo a uma pergunta de Moisés, Deus definiu-Se a Si mesmo como Ser imutável. Aqueles que, desejando adaptar-se ao mundo, afirmam que os princípios de ordem moral mudam, pois tudo é relativo, contrariam o próprio Criador.
Sarça ardente
Em Madiã, Moisés exercia a simples função de pastor das ovelhas de Jetro, seu sogro, e certo dia levou-as até junto ao monte Horeb – maciço, do qual o Sinai é o pico principal. Em determinado momento, viu que uma sarça estava em chamas, mas não se consumia.
Querendo aproximar-se “para admirar esta visão maravilhosa” (Ex 3, 3), Deus o chamou pelo nome e disse-lhe: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é chão sagrado. […] Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó” (Ex 3, 5-6).
E o Senhor afirmou que ouviu o clamor de aflição dos israelitas, os quais estavam opressos no Egito, e mandou Moisés dirigir-se ao faraó a fim de libertá-los.
A sarça ardente incombustível simboliza Nossa Senhora, que Se manteve Virgem antes, durante e depois do parto. No belo cântico “Ave mundi spes – Ave, esperança do mundo”, há uma estrofe que diz: “Ave, Virgem sem par, simbolizada na sarça que ao fogo não se consumiu”.
A mais sublime definição de Deus
Houve, então, um diálogo entre Deus e Moisés, que pode ser assim sintetizado (cf. Ex 3, 11-13):
– Quem sou eu para realizar tal missão? – disse Moisés.
– Eu estarei contigo, e quando tiveres tirado os judeus do Egito, tu servirás a Deus sobre esta montanha.
– Mas se os judeus do Egito me perguntarem qual o nome d’Aquele me enviou, o que devo responder?
– “Eu sou Aquele que sou.” Assim responderás aos israelitas: “Eu sou envia-me a vós.”
A expressão “Eu sou Aquele que sou” “descreve com uma exatidão e uma brevidade incomparáveis a unidade, a simplicidade, a eternidade, a imutabilidade do Ser divino”.
Deus ordenou a Moisés que se dirigisse ao faraó e lhe dissesse que os hebreus deveriam caminhar durante três dias no deserto, a fim de oferecer sacrifícios ao Senhor. O rei do Egito não o permitiria, mas Deus castigaria esse país. E tão terrível seria a punição que as mulheres egípcias dariam aos hebreus objetos de ouro e prata, bem como trajes, e implorariam que eles saíssem logo do Egito.
A vara de Moisés
Moisés, então, perguntou ao Altíssimo o que deveria fazer se os israelitas não acreditassem nele. Deus ordenou que ele jogasse ao chão uma vara que estava em suas mãos; ele assim o fez, e a vara se transformou em serpente. O Senhor mandou a Moisés que pegasse a cobra pela cauda; assim que a tocou ela voltou a ser uma vara.
O Criador mandou ainda que Moisés colocasse a mão em seu peito; quando a retirou, ela estava “coberta de lepra, branca como a neve” (Ex 4, 6); Deus ordenou que novamente pusesse a mão leprosa no peito, e ela ficou inteiramente normal.
E o Senhor acrescentou que Moisés deveria se apresentar aos judeus; caso estes duvidassem, ele faria o primeiro prodígio e, se ainda restasse dúvidas, realizaria o segundo. “Mas – afirmou Deus – se não acreditarem nem mesmo com estes dois sinais e não te escutarem, apanharás água do rio e a derramarás em terra seca; a água que apanhares virará sangue em terra seca” (Ex 4-9).
Mesmo assim Moisés hesitava, e disse ao Altíssimo que ele tinha dificuldade de pronunciar bem as palavras porque era gago, tendo Deus respondido que seu irmão Aarão falaria diante do povo. E o Senhor determinou: “Tu lhe falarás e lhe transmitirás as mensagens, e Eu estarei com os dois para falardes, e vos mostrarei o que deveis fazer […] Leva contigo esta vara. É com ela que deverás realizar os sinais” (Ex 4, 15.17).
O povo acreditou e adorou a Deus
Moisés despediu-se de seu sogro, Jetro, e, levando sua esposa e filhos, partiu em direção ao Egito, portando “na mão a vara de poder divino” (Ex 4, 20).
Deus mandou a Aarão que fosse ao encontro de seu irmão no deserto. De fato, os dois se encontraram na “montanha de Deus”, ou seja, a região do Horeb. Moisés contou-lhe tudo o que o Criador lhe dissera, bem como os sinais que realizara.
Dirigiram-se, então, ao Egito e, lá chegando, reuniram os hebreus. “Aarão contou tudo o que o Senhor havia dito a Moisés, e este realizou os sinais à vista do povo, e o povo acreditou. E ao ouvir que o Senhor dava atenção aos israelitas e olhava para sua aflição, prostraram-se em adoração” (Ex 4, 30-31).
Que Nossa Senhora nos conceda a graça de nos compenetrar do poder da oração, pois Deus sempre atende a nossos pedidos justos.
Por Paulo Francisco Martos
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( in “Noções de História Sagrada” – 20)
1) – Cf. FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 195.
2) – Cf. CLÁ DIAS , João Scognamiglio, EP. Pequeno ofício da Imaculada Conceição comentado. 2. ed. São Paulo: Associação Católica Nossa Senhora de Fátima. 2010, v. I, p. 178-180.
3) – Liber cantualis. Comissão de estudos de Cântico Gregoriano. Associação Arautos do Evangelho. São Paulo: Salesiana. 2011, p. 126-127.
4) – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 197.
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